“Wãbi ezi wianu” (que significa “sejam bem-vindos” na língua Tupiguarani) foi a palavra que o cacique Francisco Juruna Arara, o Caboco, da aldeia Boa Vista, falou ao receber, nesta quinta-feira (21), a equipe da Expedição ‘Saúde por todo Pará em territórios indígenas’, coordenada pela Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa). “É um privilégio muito grande ter vocês na minha aldeia trazendo serviços de saúde para nós. Eu quero agradecer imensamente a todos”, comemora Caboco. A aldeia Boa Vista é uma das 20 atendidas pela Expedição.
Desde a última sexta-feira (15), o ‘Saúde por todo o Pará em territórios indígenas’ realizou mais de 500 atendimentos médicos e mais de 2 mil testes e exames laboratoriais. “O mais importante é levar saúde de qualidade e um atendimento diferenciado aos povos indígenas. A avaliação desta Expedição é muito positiva. Ver o brilho no olhar das lideranças nos faz perceber o quanto é importante essa ação nesse momento, no qual realizamos também atendimentos pós-Covid-19”, ressalta Putira Sacuena, coordenadora da Expedição.
Foto: Marcelo Seabra / Ag. Pará
O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Altamira dará prosseguimento aos tratamentos indicados, com a medicação disponibilizada pela Sespa para as aldeias. A ação é realizada em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA) e com o Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR).
O cacique Caboco agradeceu pela iniciativa do Estado e deixou uma mensagem de união à comunidade. “As penas do meu cocar significam união, não só do meu povo Juruna, mas de todos os povos que existem no Brasil. Onde tem um indígena, nós estaremos juntos para somar, sem nenhum tipo de discriminação de cor, raça e religião e com muito respeito a todos”, disse.
ENTREGA DE CADEIRAS DE RODAS
A emoção foi tanta que, ao receber a cadeira de rodas entregue pelo Governo do Estado, as lágrimas da indígena Geraldina Machado Juruna, 86 anos, escorreram pelo rosto. Segundo a irmã, Bernardina Juruna, colocar a idosa para pegar sol já não era possível. “Ela queria sair, mas não tinha mais condições. Foi Deus quem mandou essa cadeira, só posso agradecer a vocês. É muita emoção. Agora vou levar ela para visitar a aldeia toda”, conta.
Dona Geraldinha JurunaFoto: Marcelo Seabra / Ag. ParáA terapeuta ocupacional do CIIR, Alzilene Pereira, explica os benefícios que a idosa terá a partir de agora. “Maior qualidade de vida, mais conforto, mais mobilidade tanto dentro quanto fora de casa e assim aumenta a participação social dela, o que é muito importante nessa fase da vida” ressalta.
Alzilene Pereira do CIIR durante atendimento à idosa indígenaFoto: Marcelo Seabra / Ag. Pará
SERVIÇOS
Entre os serviços levados pela Expedição estão: atendimento com clínica médica, exames laboratoriais (relacionados à bioquímica, à hematologia, de fezes e de urina), avaliação e aconselhamento nutricional, testes da orelhinha e da linguinha, avaliação de desenvolvimento infantil, entrega de kits de higiene bucal, testes rápidos de HIV, Sífilis, Hepatite B e C, exames de IGG, IGM e antígenos para Covid-19, orientações de saúde da mulher, criança e homem, além dos serviços da regulação.
Foto: Marcelo Seabra / Ag. ParáUm dos focos da atuação do CIIR foi fortalecer a cultura da alimentação indígena, por meio de orientações dadas pela nutricionista do Centro, Renata Mercês, ao tratar a prevenção e a promoção de saúde. “Nessa região, identificamos a influência direta da alimentação ultraprocessada dentro das aldeias. Reforçamos a importância deles se alimentarem com caça, pesca, frutas in natura. A base da saúde é a alimentação, queremos evitar que deficiências nutricionais entrem nas aldeias”, assegura a nutricionista.
Renata MercêsFoto: Marcelo Seabra / Ag. Pará
ETAPAS
A primeira etapa da Expedição envolveu aldeias do DSEI Kaiapó, no mês de setembro. Em outubro, aldeias do DSEI Altamira são atendidas. No mês de novembro, será a vez dos indígenas do DSEI Rio Tapajós receberem os serviços de saúde.
Fonte: Agência Pará