A Associação Indígena Pykôre, com imenso orgulho e gratidão, anuncia a realização do projeto “Festas Kayapó”. Este evento cultural extraordinário é possível graças ao generoso patrocínio do Instituto Cultural Vale e à parceria com a Lei Federal de Incentivo à Cultura (PRONAC 233089). A celebração se estenderá por três aldeias: Kendjan, Aukre e Pykararankre, sendo a primeira delas em Kendjan, situada na Terra Indígena Menkragnoti, às margens do majestoso rio Iriri.
O projeto “Festas Kayapó” tem como ponto de partida a tradicional festa Memy Biok, uma celebração ancestral que carrega consigo a essência e a alma da cultura Kayapó. Memy Biok é uma cerimônia de nomeação, onde os meninos recebem nomes indígenas das mãos amorosas de suas avós. Este rito de passagem simboliza a continuidade e a conexão entre as gerações, materializando-se em danças e cantos que ecoam pelos corações de toda a comunidade.
Ao romper da aurora, as mulheres entoam cânticos vigorosos que reverberam pela aldeia, despertando todos para o início dos preparativos. Este momento é marcado pela escolha do “dono da festa”, um papel de grande responsabilidade que envolve a organização meticulosa da celebração, desde o preparo dos alimentos até a coordenação das atividades. O dono da festa levanta-se antes do sol, simbolizando o zelo e o comprometimento com a tradição.
A preparação é intensa e repleta de significados. Cortar os cabelos e aplicar as pinturas corporais são atos que simbolizam a renovação e a conexão espiritual. As tarefas são divididas: as mulheres partem para as roças, onde colhem a mandioca que se transformará no delicioso “Birarubu”, uma espécie de beiju ou tapioca recheada. Enquanto isso, os homens se aventuram em caçadas e pescarias, garantindo que a fartura de alimentos seja uma marca registrada da celebração.
Ao retornarem, os grupos são recebidos com cantos de alegria e gratidão. Este é um momento de união. As pinturas corporais são aplicadas e as danças coletivas iniciam, enchendo o ambiente com uma energia vibrante e contagiante. A festa é permeada por rodas de conversa, nas quais os homens compartilham histórias e saberes ancestrais, perpetuando a rica tradição oral da cultura Kayapó.
A Memy Biok coloca os homens no centro das atenções, enquanto as mulheres, embora mais discretas, desempenham um papel essencial ao apoiar e celebrar os momentos de transição dos seus netos. Esta interação delicada e respeitosa entre as gerações femininas e masculinas reforça a coesão social e o respeito mútuo dentro da comunidade. Desde o dia 26 de maio de 2024, a festa Memy Biok tem iluminado os dias em Kendjan, trazendo um resplendor especial para a aldeia.
“A Associação Indígena Pykôre não poderia estar mais feliz e orgulhosa ao ver a cultura Kayapó florescer com tanto vigor. Cada canto, cada dança e cada sorriso refletem a beleza e a profundidade da herança Mebengokrê, revitalizando tradições que por muito tempo ficaram adormecidas. Nossa gratidão é imensa ao Instituto Cultural Vale, cujo patrocínio tornou possível esta celebração, e à Lei Federal de Incentivo à Cultura, cuja parceria fortalece nosso compromisso com a preservação cultural. Ver a alegria nos olhos de cada indígena, dos mais jovens aos mais velhos, é uma prova viva da importância e do impacto deste projeto”, diz nota da entidade.
As “Festas Kayapó” são mais do que um evento; são um renascimento cultural, uma reafirmação da nossa identidade e uma celebração da nossa existência. Ainda por nota, a Associação Indígena Pykôre reforça que, juntamente com seus parceiros, “…continuará a trabalhar incansavelmente para garantir que a rica tapeçaria da cultura Kayapó seja apreciada, respeitada e transmitida às futuras gerações. Que esta celebração seja um farol de inspiração e um testemunho do poder da cultura em unir e fortalecer comunidades”.
A Associação Indígena Pykôre conclui com um convite: “Venha celebrar conosco, experimente a magia das Festas Kayapó e mergulhe na beleza vibrante e na sabedoria ancestral de um povo que orgulhosamente compartilha sua herança com o mundo”.
(Série especial da Redação do Fato Regional, em parceria com a Associação Pykôre Kayapó)