segunda-feira, 16 de setembro de 2024

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Fila para transplante de córnea no Brasil quase triplica em 10 anos; Pará tem 2º maior tempo de espera

Os dados são do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e foram analisados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Para a entidade, somente se a capacidade de transplantes fosse dobrada, aliada a campanhas de conscientização e captação, seria possível zerar a fila de espera no país, que pode chegar ao tempo total de até 595 dias.
O Pará tem a 10ª maior fila de espera para transplantes de córnea no país (Foto: Newarta / Pixabay)

Nos últimos 10 anos, o número de pessoas na fila de espera por um transplante de córnea quase triplicou: passou de 10.734, em 2014, para 28.937, em junho de 2024. Os dados são do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e foram analisados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Entre todos os estados e o Distrito Federal, o Pará tem a 10ª maior fila de espera, com 946 pacientes, e o 2º tempo de espera máximo mais longo: 594 dias.

Na análise do CBO, a pandemia de covid-19 teve afetou procedimentos eletivos, contribuindo para o aumento das filas de espera: a fila saltou de 12.212, em 2019, para 16.337, em 2020. Em 2022, o Brasil já tinha 23.946 pessoas esperando por um transplante de córnea. Os dados se referem a atendimentos feitos no Sistema Único de Saúde (SUS) e nas redes privada e suplementar.

“Esse crescimento se deve, em parte, à interrupção de cirurgias eletivas durante a pandemia, bem como à insuficiência de doadores para atender à demanda crescente. Além disso, ainda enfrentamos o grande desafio de melhorar a gestão dos transplantes”, destacou a presidente do CBO, Wilma Lelis. De janeiro de 2014 a junho de 2024, 146.534 pacientes realizaram transplante de córnea/esclera no Brasil. Para zerar a fila, seria preciso dobrar o número de procedimento.

Para mudar este cenário, explica Wilma Lelis, também é necessário aumentar a conscientização sobre a importância da doação de órgãos e investir na infraestrutura dos bancos de olhos em todo o Brasil. “A continuidade de campanhas educativas e a melhoria no sistema de captação e distribuição de córneas são algumas das medidas necessárias para reverter essa tendência preocupante”, disse.

Todos os estados brasileiros contam com times preparados para execução desse procedimento, porém a maioria dos especialistas estão nas regiões Sudeste e Sul. “O aumento da capacidade de realização de transplantes não apenas  é necessário; é urgente. É fundamental assegurar uma distribuição equitativa desses recursos, especialmente nas regiões onde a infraestrutura de saúde ocular é menos desenvolvida”, acrescenta Wilma Lelis.

Para ela, a situação atual requer ações coordenadas entre o governo e as organizações de saúde para expandir e otimizar os serviços de transplante de córnea no Brasil. “Com um esforço conjunto, é possível não apenas eliminar a fila de espera, mas também estabelecer um sistema de saúde mais eficaz e acessível para todos”, concluiu.

ATUALIZAÇÃO ÀS 18H56, APÓS O RECEBIMENTO DA NOTA DA SESPA

Por nota, a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) informou que “…aumentou o número de transplantes de córneas realizados nos últimos 3 anos e 6 meses”.

“Em 2021, foram realizados 192 procedimentos, e em 2022, foram 228; já em 2023, tivemos um total de 515, e, nos primeiros 6 meses deste ano, alcançamos a marca de 345 cirurgias”, diz a nota da Sespa.

Por fim a Sespa ressalta que “…por meio da Central Estadual de Transplante e Banco de Tecido Ocular (BTO) do Hospital Ophir Loyola, o Estado realiza ações de sensibilização da população à causa, projetos de educação voltados aos profissionais da saúde, manutenção e construção permanente de serviços de transplantes em hospitais estaduais”.

(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional, com informações do CBO)


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