sexta-feira, 22 de novembro de 2024

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Filha acusa Flordelis de ser ‘cabeça número um’ do assassinato de pastor Anderson

Na segunda-feira, 26, serão ouvidas as testemunhas de defesa da deputada
(Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Nesta quinta-feira, 22, a filha adotiva da deputada Flordelis (PSD-RJ) e do pastor Anderson do Carmo, Roberta dos Santos afirmou ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara que a mãe é a principal responsável pelos planos de assassinato do pai. O crime aconteceu em junho de 2019, em Niterói, no Rio de Janeiro.

Mas, de acordo com a defesa da deputada, a filha do casal já não convivia com eles há quase cinco anos. Com o depoimento de Roberta, da-se por encerrada a lista de testemunhas que foi definida pelo deputado Alexandre Leite (DEM-SP), relator da representação de quebra de decoro parlamentar a qual pode levar à cassação do mandato de Flordelis.

Conforme contou Roberta dos Santos, Flordelis influenciava e manipulava os filhos de forma “anormal”. Os planos do assassinato do pastor, têm sido atribuídos, entre outros, à filha biológica de Flordelis, Simone dos Santos e à adotiva Marzy da Silva e, consequentemente finalizados com tiros de Flavio dos Santos, outro filho biológico. Por outro lado, Roberta aponta Flordelis como mentora do crime.

“Nada acontecia se ela não permitisse. Se ela quisesse, o Niel estaria vivo até hoje. E não é nem se ela não tivesse intervindo: era se ela não tivesse manipulado, pensado e agido, porque isso não vem da Simone nem da Marzy. A cabeça número 1 é ela, com certeza.”

Roberta do Santos, de 26 anos, foi adotada pelo casal aos três meses de vida, registrada em cartório apenas no nome da deputada, teve a criação conduzida por outros dois filhos do casal, Carlos Ubiraci e Cristiane, a quem considera “pais de criação”. Carlos está preso sob a acusação de envolvimento no crime que vitimou o pator. Roberta contou ao relator que  Anderson tomou conhecimento, no início de 2019, dos planos para matá-lo.

“Eu me casei com 21 anos e saí da casa, mas continuei tendo o convívio normal e ia lá [casa de Flordelis e Anderson] quase todo fim de semana. Entre janeiro e fevereiro de 2019, eu estive lá na casa, e o meu pai Carlos me contou que o Niel o procurou, mostrou uma mensagem que ele descobriu no rascunho do Ipad dele, que estavam tramando a morte dele, só que ele não acreditou”.

A jovem também confirmou os indícios de que o pastor teria sido alvo de tentativas de envenenamento, mas informou não ter provas. A testemunha também afirmou que, “do material de higiene até a alimentação”, existia diferença de tratamento entre os filhos adotivos e biológicos do casal Flordelis e Anderson. Roberta acrescentou que, somente após deixar a casa da família, entendeu o que chamou de “absurdo da relação” que vivia antes.

Defesa

A defesa da deputada tentou mostrar a divisão dos filhos após o assassinato de Anderson do Carmo, lembrando que alguns seguiriam a orientação de Wagner Pimenta, mais conhecido como Misael e envolvido com a política do município de São Gonçalo, vizinho a Niterói.

Durante os questionamentos a Roberta, a advogada Janira Rocha argumentou que a jovem tinha uma visão subjetiva dos fatos, pois há cinco anos não residia na casa da família de Flordelis. “Quando Roberta fala de manipulação, está falando do passado, porque em relação aos fatos do momento do crime, ela não tem como dizer”.

Outras três testemunhas que foram solicitadas pelo relator Alexandre Leite não responderam aos convites para depoimento. Entre elas, Misael, outro filho adotivo que também acusou Flordelis de envolvimento no assassinato de Anderson do Carmo. Com objetivo de não atrapalhar a previsão de encerramento da fase de instrução do processo em 13 de maio, o relator não requisitou novas testemunhas e pretende usar os depoimentos já prestados em juízo.


Na segunda-feira, 26, serão ouvidas as testemunhas de defesa da deputada. O presidente do Conselho de Ética, deputado Paulo Azi (DEM-BA), indeferiu o pedido de suspeição por quebra de imparcialidade do relator feito pelos advogados da acusada. Além disso, está marcada uma reunião interna para terça-feira, 27, que irá discutir questionamentos quanto a suposto cerceamento da defesa de Flordelis.

 

Com informações da Agência Câmara de Notícias