Em depoimento ao Ministério Público Federal, ontem, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) negou ter recebido informações privilegiadas sobre a Operação Furna da Onça, que revelou movimentações financeiras atípicas nas contas de seu ex-assessor Fabrício Queiroz e deu origem à investigação sobre suposta prática de “rachadinha” no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Flávio foi ouvido na condição de testemunha em seu gabinete, em Brasília, pelo procurador Eduardo Santos de Oliveira Benones, responsável por outra apuração – aberta para apurar declarações do empresário e pré-candidato à prefeitura do Rio, Paulo Marinho (PSDB), de que o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro foi previamente avisado da operação. Suplente de Flávio, Marinho rompeu com o governo Bolsonaro.
Benones disse que Flávio confirmou a participação em uma reunião com Marinho e advogados. Segundo o procurador, o encontro foi o foco do interrogatório, uma vez que o empresário disse ter ouvido do próprio senador, na ocasião, que ele teria recebido informações sigilosas sobre a Furna da Onça.
“Ele confirmou que esteve nessa reunião. O que ele está negando é que nessa reunião o (advogado) Victor Granado teria dito, segundo o depoimento do senhor Paulo Marinho, como se deu o vazamento. É isso que o senador contradisse Paulo Marinho”, afirmou Benones.
O procurador informou que agora vai ouvir agentes da Polícia Federal responsáveis pelas diligências. “A gente vai ouvir as pessoas que participaram da operação, que tiveram acesso aos autos, entre policiais federais, agentes e delegados. A gente vai começar a focar na Polícia Federal”, afirmou Benones. “Com essa oitiva de hoje (ontem), a gente vai ter um quadro do que aconteceu fora da sede da Polícia Federal”.
A advogada de Flávio, Luciana Pires, também negou o suposto vazamento. “Nunca chegou ao conhecimento do senador nenhuma informação sobre a Furna da Onça. Ele explicou ao procurador, inclusive, que apoiava o deputado André Corrêa, na época, à presidência da Assembleia Legislativa. E, se ele soubesse de algum vazamento, obviamente não apoiaria um alvo da Furna da Onça.”
Queiroz, em depoimento prestado do presídio de Bangu 8, no Rio, no fim de junho, disse que, ao contrário do que alega Marinho, sua demissão do gabinete de Flávio ocorreu “a pedido”, motivada por “cansaço”. O advogado Victor Granado também seria ouvido no caso, mas a oitiva foi suspensa pela Justiça.
Fonte: Agência Estado