O governo brasileiro não autorizou a organização Médicos Sem Fronteiras a prover assistência para prevenir e detectar casos suspeitos de Covid-19 em sete comunidades da etnia indígena terena no sul do país, anunciou a organização não-governamental nesta quinta-feira.
A MSF apresentou um plano para prestar assistência a sete comunidades com 5 mil habitantes, acrescentando em nota que havia sido convidada a ajudar por líderes de comunidades indígenas.
Em vez disso, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) autorizou seus próprios médicos a ajudar outra vila com mil habitantes, onde os casos de Covid-19 estavam mais predominantes.
Organizações de direitos indígenas reclamaram que o governo já permitiu que missionários cristãos trabalhassem com etnias isoladas, apesar do risco de contágio por estrangeiros.
A pandemia de coronavírus colocou em risco comunidades indígenas sem acesso a serviços de saúde em partes remotas da Amazônia.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) critica o governo do presidente Jair Bolsonaro por negar a gravidade da pandemia no país, segundo mais afetado no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
De acordo com a Apib, 690 indígenas morreram da Covid-19 e 26.443 casos foram confirmados entre os 850 mil indígenas do Brasil. Metade das 300 etnias indígenas brasileiras confirmou infecções.
A organização diz que os médicos estão completamente cientes da necessidade de prevenir a propagação do contágio em territórios indígenas.
“A MSF tem protocolos rígidos de controle e prevenção de infecções que foram aplicados com sucesso durante seu trabalho para combater à Covid-19 no mundo todo”, disse a organização em nota.
Fonte: O LIBERAL, por Reuters