terça-feira, 21 de maio de 2024

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‘Governo ficou ensandecido para pegar o dinheiro’, diz Luciano Bivar

A preocupação que nós temos é que querem realmente comprometer as instituições desse País, declarou.

Presidente nacional do PSL, o deputado Luciano Bivar (PE) sustenta que foi o dinheiro público destinado ao partido o real motivo do racha entre os grupos liderados por ele e pelo presidente Jair Bolsonaro. Com a eleição de 52 deputados, o PSL passou da condição de nanico para detentor da segunda maior fatia do Fundo Partidário – só em 2019, a legenda recebeu mais de R$ 87 milhões, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “A cúpula do governo ficou ensandecida para pegar esse dinheiro”, disse Bivar em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo. “Acho uma coisa abominável”, completou, ao falar sobre a crise que rachou o partido e levou à desfiliação de Bolsonaro.

Agora, ele tece críticas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e engrossa o coro dos que apontam falta de habilidade da gestão Bolsonaro. “O governo se preocupa mais com os costumes e o conservadorismo do que com a economia”, disse. A seguir os principais trechos da entrevista:

Olha, há quem diga que o dinheiro traz tudo, mas o dinheiro traz também um pouco de maldição. As pessoas ficam ensandecidas. Não era esse (conseguir verba do fundo partidário) o objetivo do PSL. Era alcançar o poder para realizar as reformas. No momento em que o PSL tem um fundo partidário, a cúpula do governo ficou ensandecida para pegar esse dinheiro. Acho uma coisa abominável isso. Se eu pudesse hoje renunciar a tudo isso, eu faria.

Olha, eu moro no Brasil e vou continuar morando no Brasil porque eu acredito no direito objetivo, no Estado de Direito, nas cortes que regem esse País. Por mais agredido que eu tenha sido na minha vida – de viver numa planície, às custas e riscos do meu próprio esforço, sem nunca ter tido dinheiro público nas minhas empresas – não significa que eu desacredite no Estado de Direito. Existe uma legislação, um Supremo Tribunal Federal. O dia que eu não acreditar nisso, é melhor ir morar em um país ditatorial. Critico muito quando você ataca as instituições.

Acho que o Brasil é muito feliz porque as suas instituições estão funcionando. A preocupação que nós temos é que querem realmente comprometer as instituições desse País.

Isso não tem nada a ver com esse distanciamento que teve uma ala radical – e de viés autoritário – de uma ala liberal e consciente. Essas questões de candidaturas masculinas que presumivelmente se beneficiaram de candidaturas femininas – acho que isso não tem repouso no bom senso. Oxalá eu tivesse no meu partido várias Joices Hasselmann, várias Janainas (Paschoal), várias Dayanes Pimentel, várias doutoras Sorayas (Thronicke). Mas a gente não tem. Temos que ser muito pragmáticos. Existem poucas mulheres ativas na política nacional. Determinada por lei, essa cota de 30% para gênero vai gerar distorções. Quem sabe em duas décadas as mulheres passem a ter uma participação mais ativa na vida nacional. Acredito muito nas mulheres, elas eram mais de 50% dos gerentes das 19 que eu tinha nas minhas empresas (Excelsior e da Brasitec, de gerência de risco).

O meu objetivo, os meus esforços foram para que a gente alcançasse o poder sem nos aviltarmos. Passei mais de 15 anos de um socialismo moreno no nosso País, sem arredar o pé das minhas convicções liberais e achei que esse governo poderia dar esse viés. Mas as coisas não estão andando. Você vê que o governo não tem a habilidade para fazer as reformas que a gente precisa por uma questão de que se preocupa com coisas que não fazem sentido. Se preocupa mais com os costumes e o conservadorismo que com a economia propriamente dita.

Olha, eu acho que não tenho mais que ter mais nenhum tipo de especulação com relação ao presidente, sabe? Ele escolheu o caminho dele e para mim só resta fazer o que eu sempre fiz nesses 20 anos, lutar pelos ideais que eu sempre tive. Acho que a gente teve uma oportunidade agora de mudar muitas coisas no País. Não estão acontecendo (as mudanças). É uma pena. A gente, por inépcia do governo federal, não tem conseguido levar adiante as reformas que poderiam ser feitas.

A da Previdência podia ser mais larga ainda, ela não atingiu os Estados. Não atingiu o seu objetivo.

O liberalismo econômico precede qualquer outra reforma. Se você mantiver uma economia perfeitamente liberal, onde você incentiva o empregador e a livre iniciativa, você não posterga o País. Por outro lado, a nossa economia tem que ser menos financista, sabe? Olhar o aspecto macro.

O Ministério da Economia está muito financista. O governo tem que se desprender de ficar só em uma conta aritmética.

Veja essa questão agora do DPVAT. Você não pode seguir com as seguradoras há oito anos indenizando o mesmo valor a uma pessoa que é atropelada. Isso diminui mais ainda a capacidade da continuidade da vida econômica – é um sentido muito pequeno, muito financista. Nos Estados Unidos, acontece o oposto. O IPVA é muito menor que o prêmio de seguros. A indenização vai a US$ 1 milhão. É importante que, se alguém for atropelado na rua, não cesse a sua atividade econômica.

Acho que as seguradoras deveriam pagar uma indenização maior, e não diminuir o prêmio. A indenização máxima é R$ 13 mil. Isso acontece há oito anos. O que vai fazer um pai de família que perde as pernas em um acidente de moto? Com R$ 13 mil?


Contribui para que a indenização continue pequena. Pífia.

 

 

Fonte: Agência Estado