Após mais de duas semanas de greve, os trabalhadores dos Correios ainda não entraram em acordo com a empresa, o que mantém a paralisação por tempo indeterminado. No Pará, o sindicato da categoria estima que a ausência de funcionários nos diversos departamentos da estatal ultrapasse os 70%, levando-se em conta não apenas os que resolveram cruzar os braços, em protesto contra a perda de direitos, mas também os que se encontram em casa por serem do grupo de risco da covid-19 ou morarem com pessoas do grupo de risco.
“A adesão (à greve) está muito forte, não só aqui, mas em todo o Brasil”, ressalta Wandré do Carmo, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Estado do Pará (Sincort/PA). Segundo ele, o afastamento dos funcionários, em razão da paralisação ou da pandemia, afetou todos os serviços.
Wandré diz ainda que a empresa não aceita negociar. “A gente está aberto às negociações e a empresa não. Hoje, o caso está sobre mediação do TST (Tribunal Superior do Trabalho). Pelo calendário ordinário do TST, só teremos esse julgamento de definição no dia 21 de setembro, mas a ministra relatora, Kátia Arruda, está tentando antecipar, extraordinariamente, mas ainda não tem nada definido”, declarou, afirmando que, enquanto isso, os trabalhadores continuam em greve. “Ontem (quinta, 4) fizemos um ato no Ver-o-Peso, nossa Assembleia foi lá, dialogamos com a população”, ressalta o presidente do Sincort/PA.
Na próxima terça-feira (8), haverá uma nova assembleia da categoria, na Associação Recreativa dos Correios, na avenida Pedro Álvares Cabral, em Belém. Se não tiver nenhum fato novo, o Sindicato deve orientar pela permanência da greve, para que ninguém recue, e continuar fazendo as mobilizações.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) havia pedido ao TST a declaração de abusividade da greve e retorno imediato aos trabalhos, ou a manutenção mínima de 90% do efetivo. No entanto, por determinação da ministra Kátia Arruda, os servidores em greve não podem sofrer descontos nos salários e os Correios devem manter 70% das atividades enquanto perdurar a paralisação.
Os Correios, por sua vez, têm anunciado mutirões e entrega em todo o país, com o reforço de empregados da área administrativa, veículos extras, entre outras medidas, para triar e entregar milhões de objetos, entre cartas e encomendas. Essa iniciativa tem sido adotada com o objetivo de minimizar os impactos à população, diante a paralisação dos trabalhadores da empresa.
Um dos argumentos da ECT é que não tem mais como suportar as altas despesas e, por isso, busca discutir benefícios que foram concedidos em outros momentos que não condizem com a realidade atual de mercado, assegurando todos os direitos dos empregados previstos na legislação.
Fonte: O Liberal