O governador do Pará, Helder Barbalho, e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, firmaram nesta quarta-feira (12) a primeira garantia de banco multilateral para restauração florestal no Brasil. O anúncio, seguido da assinatura do documento que viabiliza a operação, ocorreu durante o painel “Parcerias Público-Privadas Florestais no Brasil: destravando investimentos para o uso sustentável da terra e a restauração”, realizado na Blue Zone da COP30, em Belém.
O evento contou também com a presença da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; do diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nelson Barbosa; e do diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Garo Batmanian. A moderação foi conduzida por Annette Killmer, chefe da representação do BID no Brasil.
A operação envolve US$ 15 milhões, com vigência de 20 anos, destinados a oferecer garantia ao concessionário vencedor da licitação responsável pela restauração ecológica da Unidade de Recuperação Triunfo do Xingu (URTX) — localizada na Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, na divisa entre os municípios de São Félix do Xingu e Altamira, região considerada uma das mais pressionadas pelo desmatamento ilegal na Amazônia.
O projeto cria um fundo de garantia para atrair capital privado e dar segurança jurídica à concessão pública, que terá duração de 40 anos. O modelo consolida o Pará como referência em finanças verdes e inovação ambiental.

“O Pará se propôs a uma meta ousada de restauro e recuperação do seu território de floresta. Temos a meta de restaurar 5,7 milhões de hectares até 2030, quase metade do compromisso brasileiro”, afirmou o governador Helder Barbalho.
Helder ressaltou que o Estado está implementando contrapartidas estruturantes para garantir o êxito do modelo: segurança jurídica, ordenamento territorial, logística, infraestrutura e investimentos sociais em educação e saúde.
“Dar o primeiro passo na APA Triunfo do Xingu tem um simbolismo enorme. É uma área que sofreu forte pressão da pecuária nas últimas décadas, onde o Estado recuperou o território e iniciou a primeira concessão pública de restauração florestal do Brasil, com estudos que demonstram viabilidade econômica real”, destacou o governador.

O presidente do BID, Ilan Goldfajn, reforçou o caráter inovador da iniciativa.
“Esta é uma entrega concreta do Amazônia Sempre e um modelo replicável para outros países amazônicos e biomas da América Latina e do Caribe. Criar condições para negócios sustentáveis em larga escala é fundamental para proteger a Amazônia e gerar desenvolvimento para suas populações”, afirmou.
A Unidade de Restauro Triunfo do Xingu foi concedida em leilão realizado na B3, em março deste ano. O projeto prevê o reflorestamento de 10 mil hectares, com R$ 300 milhões em investimentos privados ao longo de quatro décadas. A expectativa é de remoção de 4 milhões de toneladas de CO₂ da atmosfera e geração de 2 mil empregos vinculados ao replantio de espécies nativas. O empreendimento deve ainda gerar lucro líquido estimado em R$ 431 milhões, aliando lucro e conservação ambiental.
Durante o painel, a ministra Simone Tebet destacou o ineditismo e o impacto da estrutura financeira da operação.
“Além de inovadora do ponto de vista ambiental, essa operação rompe paradigmas na estruturação financeira, criando um novo caminho para que Estados brasileiros acessem recursos destinados a projetos ambientais e sociais. O modelo já foi aprovado pela Comissão de Financiamento Externo do Brasil, o que permitirá contar também com a garantia do Tesouro Nacional”, afirmou Tebet.

(Da Redação do Fato Regional, com informações da Agência Pará)
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