sábado, 27 de abril de 2024

FALE COM FATO REGIONAL

Envie Notícias, Fotos e Sugestões

FALE COM FATO REGIONAL

Envie Notícias, Fotos e Sugestões

Índices de preços têm altas históricas, aponta IBGE

IPCA e INPC de agosto de 2020 estiveram bem acima do esperado e superaram marcas de 4 e 8 anos, respectivamente. Porém, não estão fora das metas do Banco Central.
Alimentação, Energia e Transportes foram os elementos que puxaram a inflação (© Tânia Rêgo / Agência Brasil)

Dois índices que medem a inflação — o quanto a população precisa pagar a mais por produtos e serviços —, calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentaram alta em agosto. Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto subiu 0,24%,o maior percentual do mês desde 2016. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do mês de agosto apresentou alta de 0,36%, o maior desde 2012. Não fossem alguns descontos em mensalidades escolares, os resultados seriam bem piores.

No acumulado deste ano, o IPCA já registra uma inflação de 0,70%. A meta do Banco Central oscila entre 2,5% e 5,5% por ano. A menor média já registrada foi 2%. Só há uma pequena preocupação quando a análise é referente ao acumulado de 12 meses. Aí, o IPCA bate 2,44%. O aumento de agosto deste ano é menor do que em relação a julho, que foi 0,36%. Por outro lado, continua sendo uma medida de que o índice não desacelerou totalmente e tem uma marca negativa em relação a agosto de 2019, 2018 e 2017.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis tiveram alta em agosto. A maior variação veio dos Transportes (0,82%), que apresentaram também o maior impacto positivo no índice do mês (0,16 ponto percentual — p.p.). A segunda maior contribuição (0,15 p.p.) veio de Alimentação e bebidas, que registrou alta de 0,78%.

Os grupos Habitação (0,36%) e Artigos de residência (0,56%) também tiveram alta, mas desaceleraram na comparação com o mês anterior (0,80% e 0,90%, respectivamente). No lado das quedas, o destaque ficou com o grupo Educação (-3,47%), que contribuiu com – 0,22 p.p. no IPCA de agosto. Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,78% em Vestuário e a alta de 0,67% em Comunicação.

Transportes tiveram alta puxada pelos combustíveis

Os Transportes (0,82%) tiveram alta pelo terceiro mês consecutivo, influenciados, mais uma vez, pelo comportamento dos preços da gasolina, que subiram 3,22% em agosto. O óleo diesel (2,49%) e o etanol (1,29%) também registraram variação positiva, enquanto o gás veicular recuou 0,79%.

Ainda em Transportes, os preços dos serviços de transportes por aplicativo (0,37%) subiram, após a queda de 8,17% em julho. Já as passagens aéreas (-1,97%) seguem em queda, embora o recuo tenha sido menos intenso que o registrado no mês anterior (-4,21%).
Alimentação e bebidas tiveram altas significativas

O grupo Alimentação e bebidas (0,78%) acelerou em relação a julho, quando ficou próximo da estabilidade (0,01%). Os alimentos para consumo no domicílio tiveram alta de 1,15%, influenciados principalmente pela elevação nos preços do tomate (12,98%), do leite longa vida (4,84%), das frutas (3,37%) e das carnes (3,33%).
Destacam-se, ainda, as variações do óleo de soja (9,48%) e do arroz (3,08%), que acumula alta de 19,25% no ano. Por outro lado, verificou-se recuo nos preços da cebola (-17,18%), do alho (-14,16%), da batata-inglesa (-12,40%) e do feijão-carioca (-5,85%).

A alimentação fora do domicílio (-0,11%) segue em queda, embora menos intensa que a do mês anterior (-0,29%). Enquanto a refeição passou de -0,06% em julho para -0,56% em agosto, o lanche passou de queda de 0,86% para alta de 0,78%, contribuindo com 0,01 p.p. no índice do mês.

Belém foi uma das cidades com aumentos de tarifas residenciais

No grupo Habitação (0,36%), os maiores impactos em agosto vieram do aluguel residencial (0,32%) e da energia elétrica (0,27%), ambos com 0,01 p.p. As variações do item energia elétrica foram desde os -2,06% de Fortaleza até os 3,17% de São Luís.

Houve reajustes tarifários em duas áreas, ambos a partir de 7 de agosto: em Belém (0,13%), o reajuste foi de 2,86% e, em Vitória (0,09%), de 5,93%. Vale ressaltar que as variações apuradas no item em questão levam em consideração, além das tarifas praticadas, as alíquotas de PIS/COFINS, a contribuição de iluminação pública e a bandeira tarifária. No dia 26 de maio, a ANEEL anunciou a manutenção da bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz, até dezembro deste ano.

Ainda em Habitação, o subitem gás encanado (-1,67%) apresentou variação negativa por conta das reduções de 5,16% no Rio de Janeiro (-4,64%), a partir de 1ª de agosto, e de 8,88% em Curitiba (-2,68%), a partir de 19 de agosto. Já a taxa de água e esgoto (0,43%) subiu por conta do reajuste de 3,40% observado em São Paulo (1,47%), válido desde 15 de agosto. Por fim, cabe destacar as altas nos preços de alguns materiais de construção, como o tijolo (9,32%) e o cimento (5,42%), que já haviam subido em julho (4,13% e 4,04%, respectivamente).

Os preços dos Artigos de residência (0,56%) subiram pelo quarto mês seguido, embora tenham desacelerado em relação a junho (1,30%) e julho (0,90%). As maiores contribuições vieram dos artigos de tv, som e informática (2,06%), com 0,02 p.p., e dos eletrodomésticos e equipamentos (0,93%), com 0,01 p.p. Por outro lado, os itens de mobiliário (-0,82%) mais uma vez apresentaram queda.

A maior variação negativa (-3,47%) e a maior contribuição negativa (-0,22 p.p.) no IPCA de agosto vieram do grupo Educação. Em virtude da suspensão das aulas presenciais por conta da pandemia de covid-19, várias instituições de ensino concederam descontos nos preços das mensalidades, que foram devidamente apropriados no IPCA de agosto, conforme disposto na nota técnica 02/2020. Com isso, os preços dos cursos regulares recuaram 4,38%. A maior queda foi observada na pré-escola (-7,71%), seguida pelos cursos de pós-graduação (-5,84%), pela educação de jovens e adultos (-4,80%) e pelas creches (-4,76%).

Vestuário diminui, mas comunicação aumenta na pandemia

O grupo Vestuário (-0,78%) também teve variação negativa em agosto, mais intensa que a registrada em julho (-0,52%). Houve quedas nos preços das roupas masculinas (-0,74%), femininas (-1,23%), infantis (-1,46%) e dos calçados e acessórios (-0,55%). As joias e bijuterias, por outro lado, subiram 2,32% e acumulam alta de 10,11% no ano.

Em Comunicação (0,67%), o destaque ficou com o subitem acesso à internet (8,51%), com impacto de 0,05 p.p. no índice do mês. A alta deve-se ao reajuste no valor cobrado pela prestação de serviços de banda larga em uma das empresas pesquisadas.

No que concerne aos índices regionais, cinco das 16 regiões pesquisadas apresentaram deflação em agosto. O menor índice ficou com o município de Aracaju (-0,30%), especialmente por conta da queda nos cursos regulares (-7,27%). Já o maior resultado foi observado no município de Campo Grande (1,04%), particularmente em função da alta de alguns itens alimentícios, como as carnes (6,28%) e as frutas (9,54%).


Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados no período de 29 de julho a 27 de agosto de 2020 (referência) com os preços vigentes no período de 1º a 28 de julho de 2020 (base). O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.

(Com informações do IBGE)