O Projeto Reviver iniciou em meados de 2018 e, de lá para cá, vem atuando em áreas indígenas que são vítimas de desmatamentos e outras degradações ambientais. A Fundação Casa da Cultura, em parceria com a Secretária Municipal de Agricultura e com o Ministério Público Estadual, está atuando para reflorestar a área de extração da aldeia Suruí Sororó, em São Geraldo do Araguaia.
“Desde o começo, estamos realizando documentários, acompanhando e trazendo mudas de castanha do Pará, jatobá, taturubá, jenipapo, sumaúma, ipê e mogno”, explica Vanda Américo, presidente da FCCM.
Além disso, Vanda conta que foram doadas aos Suruí uma grande variedade de frutíferas, como cupuaçu, cacau, açaí e buriti, com o objetivo de recompor as matas.
A ação conta com o apoio e parceria da Secretaria de Agricultura e da Secretaria de Obras de Marabá, que têm ajudado com maquinários, como tratores. “Estamos ajudando nos projetos, participando ativamente. O Reviver é um projeto para as gerações futuras”, diz Vanda.
Além dos órgãos municipais, o Ministério Público Estadual tem atuado ativamente no Projeto Reviver.
Com quase trinta anos atuando como promotora do MPPA, Josélia Barros continua se encantando com projetos sociais que fazem a diferença na vida das pessoas, principalmente para as futuras gerações que vivem na Amazônia.
Saindo do gabinete da promotoria e indo até uma aldeia indígena, Josélia sabe da importância de participar de ações que desenvolvam a cultura, a tradição e que contribuam para o cuidado com a floresta amazônica. “Acho que esse é o grande ‘pulo do gato’ no Projeto Reviver, tirar o promotor ou o juiz de dentro da sala e colocar diante da realidade que existe na nossa região”, fala a promotora de justiça do Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo.
Segundo Josélia, o projeto atua voltado para a continuidade da tradição e da cultura da aldeia. Além disso, tem o cuidado para que eles continuem sobrevivendo do extrativismo da castanha do Pará. “Esse projeto vai fazer a diferença na vida dessas pessoas e também para as próximas aldeias que forem contempladas”.
Aliás, foi com os Suruís que o Reviver iniciou, como uma espécie de projeto piloto. De acordo com a promotora, o objetivo é que haja uma expansão para as demais aldeias, tanto da região de São Geraldo do Araguaia, como da região de Bom Jesus do Tocantins, onde vive o povo Gavião.
“O reflorestamento com essas espécies, que estão ficando raras, e algumas até em extinção, é uma forma de manter a tradição da cultura indígena. Tirar um índio da aldeia e levar para a sociedade não é a solução. Solução é propiciar que eles continuem nas suas aldeias e que eles sobrevivam com dignidade. Que tenham meios econômicos de viver e vivenciar o dia a dia e a sua cultura”, ressalta.
Povo Suruí
Uma das integrantes do povoado indígena, Murakon Surui, de 48 anos, conta que o Projeto Reviver tem ajudado para que eles aprendam sobre o cultivo e a preparação da terra.
“Aqui a gente planta mandioca, arroz, abóbora, banana, batata doce, inhame. A gente planta tudo isso para se alimentar”, explicando que toda a comunidade Suruí está envolvida.
Com o auxílio da Sevop, a comunidade teve acesso a um trator para ajudar a preparar a terra para o plantio. Murakon explica que nessa área serão plantados arroz e milho. “Essa terra é mais molhada, boa para colher o arroz. Aqui não morre”.
Murakon conta que, próximo de sua casa, realizou o plantio de cupuaçu e açaí e já tem feito a colheita. Animada, está grata por poder plantar e colher o alimento que vai até sua mesa.
Com seis filhos e oito netos, ela afirma que todos estão aprendendo a valorizar a terra e a cuidar da floresta amazônica.
Ao Correio de Carajás, o cacique Mayrá Suruí conta que, após a inserção no Projeto Reviver, a comunidade, que antes era esquecida, se tornou um exemplo de trabalho.
“Com a ajuda do Projeto, só somou para a comunidade. A gente vivia muito sofrido. E depois que a Casa da Cultura veio nos conhecer, tivemos um olhar diferente, e trouxeram muitas coisas boas para a nossa comunidade”.
Fonte: Correio de Carajás