Diferentes etnias indígenas ocuparam a sede da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), em Belém. A mobilização, nesta terça-feira (14), tem como objetivo reverter decisões e legislação recentes do Governo do Pará. Entre várias determinações, apontadas pelos manifestantes, há a extinção do Sistema de Organização Modular de Ensino (Some) e perda de direitos de profissionais da educação.
Para as lideranças indígenas, entre elas Alessandra Korap — do povo Munduruku do Pará e presidenta da Associação Indígena Pariri —, a extinção do Some representa um retrocesso para comunidades que dependem do sistema para garantir o acesso à educação, principalmente em comunidades mais afastadas, com menos estrutura e onde há poucos falantes de língua portuguesa.
“Tiraram o Some da educação indígena. A precariedade nas aldeias é muito grande e os governos nos abandonam,
mas usam nosso nome para conseguir benefícios, como créditos de carbono, assim como algumas ONGs fazem. Enquanto isso, professores e alunos são prejudicados. Há professores que precisam gastar 300 a 400 litros de combustível para se deslocar entre as aldeias e precisam de alimentação para 3 ou 4 meses. Às vezes até mais e agora estão sendo substituídos por uma TV. Imagine, uma TV em lugares que, muitas vezes, nem escola têm. Somos mais de 50 povos indígenas no estado e nem todos falam português. Aula online não serve para nós. O governo precisa nos ouvir”, diz Alessandra.
A manifestação dos povos indígenas conta com o apoio de professores da rede estadual, que discutem uma greve diante de cortes e mudanças que afetam as condições de trabalho. Eles pretendem usar o ato para dar visibilidade às dificuldades enfrentadas pela categoria e reafirmar a importância de políticas públicas que fortaleçam e valorizam o ensino público. A sede da Seduc foi cercada por policiais militares. A energia elétrica foi interrompida e os banheiros receberam spray de pimenta para evitar que sejam usados. A alimentação foi impedida de entrar.
No final de 2024, lembram os indígenas que estão no ato, houve uma forte repressão em frente à Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). Professores da rede estadual foram alvos de disparos de munição de borracha e spray de pimenta da Polícia Militar, durante uma manifestação contra a aprovação do Projeto de Lei que trata da Nova Carreira do Magistério. O projeto foi aprovado. Para os educadores, a nova lei retira direitos históricos da categoria e reduz a remuneração.
ATUALIZAÇÃO: às 10h52
O que diz a Seduc sobre a ocupação e pautas do ato dos indígenas
Por nota ao Fato Regional, a Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc) informou:
“…na manhã desta terça-feira (14), lideranças indígenas, sem solicitação prévia de audiência com a pasta, arrombaram o portão da Seduc às 7h37, antes do início do expediente. Os participantes alegam o fim do atendimento do Sistema de Organização Modular de Ensino (Some). A Seduc ressalta que é contra todo ato de violência e informa que não é verdade que o Sistema de Organização Modular de Ensino (Some) será finalizado. As áreas continuarão a ser atendidas pelo programa, que chega a pagar até R$ 27 mil para que professores atuem em localidades remotas. Em média, o professor do Some recebe R$ 23,9 mil. O governo do Estado do Pará paga o segundo melhor salário inicial para professor, no Brasil, conforme o Movimento Profissão Docente, no valor de R$ 8.289,89 e mais R$ 1,5 mil de vale-alimentação. De acordo com o Inep, autarquia do Ministério da Educação que realiza o Enem, o Pará paga o melhor salário médio do país ao professor, no valor de R$ 11.447,48, 250% maior que o piso médio nacional”.
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)
LEIA MAIS, NO FATO REGIONAL:
- VÍDEO: Gestão Osvaldinho inicia mutirão de limpeza em Xinguara, com foco no combate ao mosquito dengue
- Notas do Enem 2024 já estão disponíveis na Página do Participante
- Parauapebas já teve 3 tremores de terra em 2025; Sul e Sudeste do Pará tiveram 9 ocorrências em 2024
- Polícia Civil investiga assassinato de trabalhador rural na Taboca, em São Félix do Xingu
- Prazo para Declaração Anual do Simples Nacional dos MEIs encerra no dia 31 de maio
- Suspeito de tentativa de latrocínio em Goiânia é preso em Redenção e apresenta identidade falsa
- ‘Golpe do Alvará’ se espalha por São Félix do Xingu e prefeitura faz alerta a empresários
- Entenda as novas regras da Receita Federal sobre monitoramento de Pix acima de R$ 5 mil, que não criou impostos
Siga o Fato Regional no Facebook, no Instagram e no nosso canal no WhatsApp!