Jovens transformam resíduos em sabonetes ecológicos na COP30

Projeto Fauna Retornável, desenvolvido por estudantes de Farmácia em Belém, mostra como a ciência pode gerar impacto ambiental e social na Amazônia.
Estudantes de Farmácia transformam resíduos em produtos sustentáveis, unindo ciência, inovação social e o conhecimento tradicional das comunidades amazônicas.Foto: Divulgação.

Enquanto Belém se torna o centro das discussões climáticas globais com a realização da COP30, um grupo de jovens da área da saúde mostra na prática o conceito de sustentabilidade que o mundo inteiro veio debater. O Projeto Fauna Retornável transforma resíduos em produtos sustentáveis, unindo ciência, inovação social e o conhecimento tradicional das comunidades amazônicas.

Idealizado por docentes e estudantes de Farmácia, o projeto da faculdade Faci Wyden, com apoio do Instituto Yduqs, atua em parceria com comunidades ribeirinhas e restaurantes da Ilha do Combu, que se tornaram parte essencial da cadeia circular criada para reaproveitar o óleo de cozinha usado. Esse material, que normalmente seria descartado de forma incorreta, é tratado em laboratório e ganha novo destino: transforma-se em sabonetes ecológicos e hidratantes, produzidos artesanalmente pelo processo hot process, que preserva as propriedades dos ingredientes naturais.

Materiais que seriam descartados são tratados em laboratório pelos estudantes e ganham novos destinos: transformam-se em sabonetes ecológicos e hidratantes. Foto: Divulgação.

“Foi muito enriquecedor sair da rotina do laboratório e ver na prática de onde vêm os materiais. Conhecer as pessoas da comunidade e entender o processo do óleo reciclável mostrou o quanto a ciência pode estar perto da realidade local”, conta a estudante Dayane Silva, integrante do projeto.

O nome “Fauna Retornável” traduz o espírito da iniciativa: devolver equilíbrio à natureza, mostrando que cada resíduo pode voltar ao ciclo da vida de forma consciente e criativa. Entre os insumos utilizados estão manteiga de cupuaçu, tucumã, óleos de açaí, babaçu, coco, palma, urucum, andiroba, além de cúrcuma, alecrim e priprioca, ingredientes que expressam a diversidade e a potência da floresta amazônica.

O objetivo do projeto é devolver equilíbrio à natureza, mostrando que cada resíduo pode voltar ao ciclo da vida de forma consciente e criativa. Foto: Divulgação.

“O que mais me surpreendeu foi ver como esses ingredientes simples, quando bem trabalhados, se transformam em produtos de qualidade, com identidade amazônica. Aprendi que pequenas ações fazem diferença: o reaproveitamento do óleo mostra que é possível cuidar do meio ambiente e ainda gerar novos produtos úteis”, completa Dayane.

“O projeto nasceu da vontade de deixar um legado concreto para a COP30, mostrando que é possível fazer ciência com propósito e impacto real”, afirma o professor Israel Athayde, coordenador da iniciativa. “Mais do que fabricar sabonetes, nossos alunos estão aprendendo a pensar sustentabilidade como parte da vida cotidiana e da prática científica.”

Os produtos resultantes têm três destinos principais: parte será distribuída durante ações em parceria com a Casa Brasil na COP30, outra parcela será destinada a ações educativas para comunidades ribeirinhas e uma terceira à exposição em feiras de inovação. A proposta, segundo o professor, é fechar o ciclo entre consumo e natureza, transformando o que seria lixo em oportunidade, aprendizado e consciência ambiental.

Desenvolvido no ambiente acadêmico, o projeto se consolida como um dos exemplos mais simbólicos do que Belém tem a oferecer ao mundo que debate o futuro do planeta. Foto: Divulgação.

“É um orgulho enorme ver um projeto feito por alunos chegar até a COP30 e representar a Amazônia nesse contexto global. Essa experiência me fez ver a Farmácia de um jeito mais humano e conectado, entendendo que a ciência é também uma ferramenta para melhorar a vida das pessoas e proteger o meio ambiente”, acrescenta Dayane Silva.

Para o diretor da instituição, Adriano Remor, o Fauna Retornável exemplifica como o conhecimento acadêmico pode dialogar com a realidade amazônica:

“A COP30 é um marco global, mas também uma chance de mostrar que a transformação começa em experiências locais. Quando a educação se conecta ao território, ela gera soluções reais e sustentáveis.”

Desenvolvido no ambiente acadêmico, o projeto se consolida como um dos exemplos mais simbólicos do que Belém tem a oferecer ao mundo que debate o futuro do planeta: a força de iniciativas que unem ciência, floresta e comunidade.

 


(Da Redação do Fato Regional, com informações da Eko Comunicação).

 

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