sábado, 2 de novembro de 2024

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Leishmaniose: Prefeitura de Xinguara explica recolhimento de cães; Igor Normando acompanha o caso

A Prefeitura de Xinguara afirma que se trata de uma medida contra a leishmaniose e dá a entender que se tratam apenas de animais com tutores, questionando o contexto das imagens divulgadas
A foto de animais engaiolados e captura na rua levantou os questionamentos de vários cidadãos de Xinguara e de entidades de proteção do direito animal, inclusive do secretário Igor Normando (Foto: Reprodução / Redes Sociais / Sem autoria identificada)

Imagens de cães sendo recolhidos em “carrocinhas” nas ruas de Xinguara, no sul do Pará, circularam pelas redes sociais nesta quinta-feira (28). Numa foto, vários animais estão em gaiolas. Há pessoas relatando que o recolhimento dos animais ocorre de forma agressiva e que bichos em situação de rua estão sendo abatidos. O secretário estratégico de Articulação da Cidadania do Pará, Igor Normando — que é defensor de animais —, cobrou explicações à prefeitura e pediu providências à Polícia Civil. A medida seria conta a leishmaniose.

“O que está acontecendo com os nossos animais de Xinguara? Um absurdo esses casos de desaparecimento de cachorros em situação de vulnerabilidade. Já acionamos o departamento de polícia do interior e cobramos esclarecimentos da prefeitura!”, informou Igor Normando nas redes sociais.

Em vídeo publicado no perfil oficial da Prefeitura de Xinguara no Instagram, o médico veterinário Rafael Nere dá a entender que somente animais com tutores estão sendo recolhidos e que a imagem teria sido tirada de contexto. Os animais estão, como ele afirma, sendo testados para leishmaniose com testagem rápida. “Caso reagente, a sorologia é enviada para Conceição do Araguaia. Após o recebimento do segundo teste, o proprietário é orientado e pode decidir se faz o tratamento ou eutanásia”, explica.

Ainda no vídeo, Luciana Arrais, coordenadora da Vigilância Sanitária de Xinguara, explica que não é a primeira vez que a prefeitura toma esse tipo de medida. E que todo o trabalho é feito conforme a lei. Os comentários foram bloqueados na publicação da prefeitura. No entanto, os comentários e questionamentos continuam em vários perfis ligados á causa animal, como do grupo Redencenses Protetores, que destacou a ausência de um centro de controle de zoonoses em Xinguara.

A Redação do Fato Regional acionou a Polícia Civil e o secretário Igor Normando para buscar mais atualizações sobre o caso. Por nota, a PC informou que está trabalhando para apurar o caso em Xinguara.

Advogada da ONG Redencenses Protetores questiona a prefeitura e explica legislação sobre eutanásia

Ao Fato Regional, Kllecia Mota, advogada e membro da Comissão Estadual de Proteção Animal da Ordem dos Advogados do Brasil Seção-PA (OAB-PA), disse que o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) e a Polícia Civil foram acionados. Isso porque as ações da Prefeitura de Xinguara, como aponta ela, estão em desacordo com a legislação. A advogada faz parte da ONG Redencenses Protetores.

“Estão mentindo e infringindo a legislação. Basta olhar a lei 14.228/2021. A eutanásia não é dessa forma, de testou positivo para leishmaniose e acabou. Nem mesmo com animais com tutores se faz dessa forma, muito menos esses que não têm tutores e eu tenho testemunhas de que foram recolhidos numa praça perto da feira”, criticou Kllecia, que segue cobrando respostas da prefeitura.

Ainda em entrevista ao Fato Regional, Kllecia ressaltou que Xinguara não tem abrigo ou Centro de Controle de Zoonoses. “Os animais estão sendo recolhidos de forma irregular pela Vigilância Sanitária. São recolhidos e levados para a triagem no teste rápido. O teste sorológico demora 30 dias para chegar do laboratório regional e dois médicos veterinários precisam constatar a necessidade da eutanásia. Tudo isso tem prazo. E os animais que foram recolhidos ontem? Em 24 horas, já resolveram tudo isso? Onde estão? O que fizeram? Mataram? Se não, onde colocaram, já que Xinguara não tem abrigo?”, questionou.

(Da Redação do Fato Regional)


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