Desde as últimas eleições, o número de candidaturas indígenas aumentou em 26,8%. O levantamento é do Brasil 61. Em 2016, foram 1.715 candidatos de etnias tradicionais brasileiras. Neste ano, até agora — enquanto ainda se aguardam julgamento —, há 2.176. Isso representa 0,39% do total de candidatos do país. Enquanto a participação indígena na corrida eleitoral cresceu 26,8%, a de candidatos, em geral, subiu 10,7%. Entre os cinco estados com maior número de candidaturas indígenas, o Pará ficou de fora.
Pelo Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Pará é o oitavo estado em população indígena, com mais de 39 mil pessoas pertencentes a etnias tradicionais. Isso representaria 0,5% da população do estado e 4,8% da população autodeclarada indígena do país. Em nível nacional, o último Censo apontava que 0,4% dos brasileiros — cerca de 817 mil pessoas à época — se declaravam indígenas.
Márcio Santilli, sócio fundador do Instituto Socioambiental (ISA), destaca o engajamento cada vez mais expressivo das comunidades indígenas no cena política brasileira. E ressalta que as eleições municipais são uma grande oportunidade para os povos tradicionais. “É crescente a participação de indígenas nos processos político e eleitoral brasileiros nos últimos anos. Essa eleição é uma oportunidade de avanço significativa por parte dessa população na sua representação local, apesar das condições especiais do processo eleitoral em meio à pandemia de covid-19”, avalia.
A exemplo de 2016, todos os 26 estados do país têm indígenas concorrendo para os cargos de prefeito, vice-prefeito ou vereador. O Amazonas, estado que possui um terço das localidades indígenas no país, destaca-se com 492 candidaturas. Em 2016, foram 355. Em seguida, vêm Mato Grosso do Sul (216), Roraima (148), Bahia (134) e Rio Grande do Sul (130).
Na lista dos cinco estados com mais candidatos, quatro regiões do país estão representadas. Santilli reforça que a maior participação de índios nas eleições não é exclusividade de alguns estados ou etnias.
“Evidentemente, essa é uma presença tanto maior, quanto maior é a população indígena em cada local, como no Amazonas e em Mato Grosso do Sul. Mas vimos no Nordeste e no Sul do país, em várias regiões, esse movimento crescente de participação dos índios no processo eleitoral. Não é um privilégio de uma etnia, acontece em relação a todos”, conclui o o representante do ISA.
(Da Redação Fato Regional, com informações do Brasil 61)