sábado, 7 de dezembro de 2024

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Lula diz que Lira quer ser “imperador do Japão” com semipresidencialismo

Em evento com o Solidariedade, petista afirma que presidente da Câmara "quer tirar o poder do presidente para que o poder fique na Câmara"
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Solidariedade anunciou oficialmente nesta terça-feira (3) o apoio à pré-candidatura do ex-presidente Lula (PT) à Presidência da República. Na presença de deputados e senadores de diversas legendas, o petista pediu, no evento, atenção às eleições para o Congresso.

“Temos que ter conhecimento de uma coisa, se a gente ganhar as eleições e o atual presidente da Câmara continuar com o poder imperial, porque ele já tá querendo criar o semipresidencialismo, ele já quer tirar o poder do presidente para que o poder fique na Câmara e ele aja como o imperador do Japão”, disse em discurso, citando o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas).

“Ele [Lira] acha que pode mandar inclusive administrando o orçamento. O orçamento é aprovado pela Câmara e pelo Congresso, mas tem que ser administrado pelo governo [federal] porque é pra isso que o governo é eleito. E é o governo que decide cumprir o orçamento aprovado em função da realidade financeira do Estado brasileiro”, afirmou Lula.

O petista defendeu ainda que a campanha seja ativa na divulgação dos candidatos alinhados à chapa que vem sendo construída.

“Tem gente que acha que não precisa fazer comício, basta ficar nas redes sociais, mas eu não acho, vou viajar o Brasil e quero em cada comício ter uma lista de deputados, deputadas e senadores pra gente dizer ‘esses são nossos deputados, nossos senadores e é neles gente que vocês têm que voltar pra gente mudar o país”, concluiu.

Em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (05), Lira rebateu as afirmações de Lula. Ele afirmou que as críticas do ex-presidente representam uma “grosseria” e uma desinformação”. “Falar de mim sem conhecer é má-fé”, disse o deputado, que afirmou não conhecer o ex-presidente e que nunca teve “o prazer ou o desprazer” de estar com Lula.

“Ele [Lula] não pode querer pautar, antes de ser eleito ou não, o que este Congresso vai debater”, continuou o presidente da Câmara.

Lira ressaltou ainda que defende uma “proposta de debate” sobre o tema. “Posso ser comparado a imperador, mas nunca a ditador”, rebateu.

O deputado acrescentou que, “se tiver erro” nas propostas sobre o semipresencialismo, a questão será debatida. “Mas dizer que Congresso não pode legislar sobre orçamento? Isso é desinformação de quem está a anos-luz atrás da modernidade dos tempos de 2022.”

Câmara criou grupo de trabalho sobre semipresidencialismo

A Câmara dos Deputados criou um grupo de trabalho para analisar e debater temas relacionados ao sistema de governo semipresidencialista, de acordo com publicação no Diário Oficial da Câmara de 17 de março.

O tema é defendido pelo presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PL), mas não algo para ser instituído em breve, e sim a longo prazo.

A ideia de Lira é que a discussão ocorra durante os meses de abril, maio e junho e que seja criado um projeto de mudança do presidencialismo para o semipresidencialismo a partir de 2030.

“Seria uma proposta de alteração de sistema de governo para 2030, tirando o debate dessa eleição, tirando o debate de 2026, não ‘fulanizando’ a discussão e fazendo um debate de alto nível no contraturno do trabalho da Câmara dos Deputados”, afirmou o presidente da Câmara em fevereiro.

O que é o semipresidencialismo

No semipresidencialismo, o sistema mescla elementos do parlamentarismo e do presidencialismo, e, por isso, é um regime típico de países republicanos. Neste modelo, há um presidente da República – geralmente eleito diretamente pelo povo – e um primeiro-ministro – eleito indiretamente, pelo parlamento – dividindo funções no Poder Executivo.

O presidente também é o chefe de estado. Em geral, países semipresidencialistas têm presidentes da República atuando na política externa e na chefia das Forças Armadas, enquanto o primeiro-ministro tipicamente cuida das demandas internas e comanda o governo.

No semipresidencialismo, o presidente da República tem mais poderes do que papel praticamente simbólico exercido no parlamentarismo. É comum que o presidente da República possa, por exemplo, dissolver o parlamento – o que derruba o governo do primeiro-ministro – e convocar novas eleições. Assim, embora o primeiro-ministro tenha o grande poder de comandar o governo, a coalização que o sustenta pode ser desfeita pelo presidente da República.

Cada país, no entanto, designa papéis diferentes para os presidentes.


Na França, por exemplo, o presidente é eleito pelo voto direto e é responsável por coordenar a política externa. Também pode intervir em crises políticas e também comanda as Forças Armadas. Em Portugal, outro país que aderiu ao semipresidencialismo, o presidente também é eleito diretamente pela população e pode dissolver o Legislativo, mas tem funções executivas mais limitadas do que o chefe de estado da França.

 

 

 

 

 

 

Com informações da CNN Brasil