De acordo com levantamento feito pelo pesquisador Wesley Cota, da Universidade Federal de Viçosa, 31% dos municípios brasileiros não registraram mortes por covid-19 em julho deste ano. O indicador corresponde ao maior número dos últimos cinco meses.
Ao todo, foram 1.750 cidades sem notificação de óbitos no último mês, um aumento de 35% em relação às 1.293 de junho. É o maior número desde fevereiro, quando 2.202 municípios registraram zero mortes. No geral, a maior parte dos municípios sem mortes tem menos de 10 mil habitantes, correspondentes a 1.250 nessa faixa populacional, que equivalem a 71% do total. A cidade com mis habitantes sem mortes registradas em julho de 2021 é Coari, no Amazonas, com 85.910 habitantes.
Ao todo, 172 municípios do Norte não notificaram mortes no último mês, o equivalente a 38% do total. Já no Nordeste, foram 670 sem óbitos, equivalente a 37%. Os dados indicam que 63% dos municípios registram queda na média diária de mortes por covid-19 em julho quando comparado ao mês anterior. É o maior percentual desde o início da pandemia
Para o epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal,“as cidades pequenas têm menos gente e, como estamos analisando um número absoluto de mortes, então, as cidades pequenas têm maior probabilidade de ter menos mortes justamente porque elas são menores” diz.
Já Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), destaca que a ausência de óbitos em cidades menores é uma consequência direta da vacinação “Na verdade, a gente sabe que o número de óbitos está associado ao número da casos, proporcionalmente. O número de casos vai depender do tamanho da população. A tendência é que as cidades menores tenham uma queda mais importante porque proporcionalmente tem menos população exposta”, explica.
Croda também enfatiza que as cidades menores do país conseguiram atingir uma cobertura de duas doses mais alta do que as metrópoles, o que contribui diretamente para a ausência de mortes “As cidades menores têm mais cobertura. E se você comparar com as cidades maiores, elas (cidades menores) conseguiram avançar mais na imunização e mais rapidamente. Várias cidades já estão vacinando até acima de 18 anos”, explica.
Na última quarta-feira, 4, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou a possibilidade de reversão na tendência de queda no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil, que pode ser causada por vários vírus respiratórios, mas, durante a pandemia, a maioria dos casos são causados pela covid. Segundo a Fiocruz, o estudo registrou sinais de queda na tendência de longo prazo, correspondente às últimas seis semanas, mas considerando às últimas três semanas, os dados apontam tendência de crescimento moderado.
Fonte: G1