De acordo com o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPRC), 81% das cenas de crime periciadas no Pará sofreram alguma alteração. A maior parte das intervenção, dizem os especialistas, acontece por curiosidade e desinformação, mas pode prejudicar as investigações e até a resolução dos casos.
“É muito importante que populares e a própria família se mantenha afastado quando percebem que a pessoa veio a óbito. Que não toque em nada, não mexa, não toque não altere nada no local até a chegada da Polícia Militar para fazer o isolamento”, orienta Jânio Arnoud, do Núcleo de Crimes Contra a Vida do CPRC.
O trabalho dos peritos é minucioso e todos os elementos encontrados no local são cientificamente analisados. A localização do corpo, de manchas de sangue, provas materiais e biológicas ajudam a entender como o crime aconteceu. Alteração na cena do crime podem tornar os laudos inconclusivos.
Um dos problemas enfrentados é a circulação de pessoas nos locais onde ocorrem assassinatos. Imagens de câmeras de segurança, por exemplo, mostra que minutos após um comerciante ter sido assassinado no Distrito de Icoaraci, em Belém, curiosos circulavam livremente pelo local, comprometendo provas.
Em outra cena de crime, em Belém, quando um homem foi morto em uma lotérica, os peritos perceberam a falta de objetos no local. “A população tomou conta do local e muitos vestígios já haviam sido perdidos, inclusive um estojo de projéteis que não recuperamos”, disse uma das peritas que analisava o local.
O problema é ainda mais grave, pois, segundo o Centro de Perícias Renato Chaves, 68% dos trabalhos que precisam da ajuda destes profissionais são casos que envolvem mortes e muitos deles, execuções de pessoas. Crimes nos quais alterações no local podem ser feitas intencionalmente.
Mas “Conseguimos perceber tanto que foram retirados vestígios, quanto implantados vestígios falsos que não tem relação direta com aquele homicídio”, assegura o perito, Mário Lúzio Moreira.
Qualquer modificação em local de prova é crime e pode comprometer o trabalho da polícia. Para o diretor da Polícia Especializada, o problema é grave. “O desvirtuamento das provas em razão da alteração do local do crime compromete a apuração, a conclusão e a elucidação do mesmo [com a possibilidade de ]apontar a sua autoria”.
Fonte: G1 Pará