sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Mandetta revela que Governo Federal tentou forçar covid-19 na bula da cloroquina

Tentativa acabou frustrada durante reunião e depois a Anvisa confirmou que não havia embasamento legal
Bolsonaro segurando uma caixa de hidroxicloroquina em live na noite de 9 de abril. (Foto: Reprodução / Facebook de Jair Bolsonaro)

Em depoimento na CPI da Pandemia do Senado, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta revelou que alguém — ele não soube explicar exatamente quem, mas disse acreditar ser uma pessoa externa do governo — tentou forçar a inclusão da covid-19 na bula da cloroquina e da hidroxicloroquina. Ele participou de uma reunião em que havia um texto que seria uma minuta ou decreto. Na mesma hora, contestou. A revelação provocou espanto aos senadores da comissão parlamentar de inquérito.

Mandetta disse que, enquanto ainda era ministro da Saúde, em 2020, no primeiro pico da pandemia, foi chamado para uma reunião. À mesa, junto a outros ministros e assessores, disse ter apenas visto o texto. Quando começou a analisar, disse que aquilo não tinha cabimento. E logo em seguida o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, disse que juridicamente estava descartado.

Outra medida de tentativa de interferência no trabalho de Mandetta à frente do Ministério da Saúde foi mudar uma equipe de quatro assessores, que ele escolheu por mérito técnico. Quatro nomes, todos do Rio de Janeiro e ligados a Flávio Bolsonaro, filho do presidente, foram sugeridos e não tinham experiência em saúde ou no SUS. Essa mudança não se concretizou.

O ex-ministro disse que nunca recomendou cloroquina ou hidroxicloroquina por saber dos riscos envolvidos com o uso do medicamento. Até hoje, nenhuma pesquisa comprovou a eficácia desses medicamentos no combate ao coronavírus SARS-CoV-2. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já recomendou deixar o uso desses medicamentos como resposta à pandemia. Mesmo assim, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como confirma Mandetta, tinha um assessoramento externo e que defendia essa medicação.

Ainda no depoimento, Mandetta chamou os “kits covid” — cloroquina ou hidroxicloroquina, combinadas a ivermectina e azitromincina dri-hidratada — de “kits de ilusão”. E também disse que não tinha intenção de deixar o cargo, pois tinha um “paciente” (o Brasil”) doente e que não queria abandonar. Defendeu a ciência, estudos, vacina e lamentou que o Brasil tenha deixado de fazer testagem, o que poderia ter mudado a gestão da crise da pandemia.


(Victor Furtado, da Redação Fato Regional)

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