quinta-feira, 19 de setembro de 2024

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Memy Biok: celebrando a cultura Kayapó na aldeia A’ukre

O projeto 'Festas Kayapó' segue com registros da tradicional Memy Biok, uma festividade ancestral que carrega vários simbolismos sobre os homens Kayapó. Um dos objetivos da proposta da Associação Indígena Pykôre, congregando as aldeias Kendjan, A'ukre e Pykararankre — graças ao patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura —, é criar um rico acervo audiovisual da cultura Kayapó e das tradições da etnia.
(Foto: Kauam Gomes Rios / Associação Indígena Pykôre)

O projeto “Festas Kayapó” segue a celebração da tradicional festividade ancestral que carrega profundos simbolismos sobre as mulheres e homens dos povos Mebengokre (Kayapó). A iniciativa, que conta com patrocínio do Instituto Cultural Vale — por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e realização do Ministério da Cultura e da Associação Indígena Pykôre —, une as aldeias Kendjam, A’ukre e Pykararankre. O objetivo é preservar e disseminar a rica cultura da etnia.

As celebrações ocorrem nas aldeias Kendjam, A’ukre, e Pykararãnkre, no Território Indígena Kayapó Menkragnoti e TI Kayapó. Após o sucesso da festa em Kendjam, agora é a vez da aldeia A’ukre receber as festividades, iniciando com a celebração dos homens, chamada Memy Biok, uma cerimônia exclusiva e que destaca a cultura masculina e o papel dos homens na sociedade Kayapó.

(Foto: Kauam Gomes Rios / Associação Indígena Pykôre)

A aldeia A’ukre, uma das maiores comunidades e onde a Associação Indígena Pykôre atua, é lar de três caciques importantes: o venerável cacique Krwyt Kayapó, a respeitada Cacica Ngrejkamoro e o dedicado cacique Kaket Bepuneiti. Esses líderes desempenham papéis fundamentais na preservação e transmissão dos ensinamentos ancestrais que são celebrados durante as festividades.

Para dar início à festa dos homens, os guerreiros partem em uma jornada de quatro dias na floresta, caçando e pescando para garantir os alimentos e iniciar as celebrações. A chegada dos guerreiros, com suas conquistas da caçada, é um momento de grande emoção. As mulheres, ao testemunharem o esforço dos guerreiros, compartilham da alegria e do orgulho pela abundância trazida para a festa e junto com o choro.

(Foto: Kauam Gomes Rios / Associação Indígena Pykôre)

(Foto: Kauam Gomes Rios / Associação Indígena Pykôre)

Os preparativos para a festa Memy Biok, em A’ukre, envolvem a divisão das caças entre as famílias. Quando os caçadores retornam, entregam a caça para os Donos de Festa, que dividem e preparam o alimento para suas respectivas famílias. Esse processo dá início a quatro dias de muita dança e canto. As pinturas corporais e as danças tradicionais marcam a celebração, culminando em um ambiente de partilha cultural e conexão com os ensinamentos dos antepassados.


Um dos momentos mais especiais dessa festividade é a roda de contos e cânticos, na qual os homens mais velhos compartilham suas histórias e sabedoria com as gerações mais jovens. Este espaço, dedicado exclusivamente aos homens, é de extrema importância, pois destaca seu papel crucial na preservação da cultura Kayapó. A roda fortalece o vínculo comunitário e o orgulho cultural, garantindo que os conhecimentos e tradições dos antepassados sejam transmitidos e mantidos vivos nas novas gerações.

“A Associação Indígena Pykôre, em nome do presidente Patkare Kayapó, expressa profundo orgulho em reviver as tradições da Memy Biok na aldeia A’ukre, celebrando valores que há muito tempo não eram praticados. Este projeto não seria possível sem o apoio essencial do Instituto Cultural Vale, cuja parceria é fundamental para o sucesso e a continuidade dessas festividades culturais. Estamos gratos ao Instituto Cultural Vale por seu compromisso contínuo com os povos indígenas e a preservação de nossa cultura. A festa Memy Biok na aldeia A’ukre é um testemunho vivo da nossa herança ancestral e da dedicação em transmiti-la às futuras gerações”, diz nota da Associação.

(Série especial da Redação do Fato Regional, em parceria com a Associação Pykôre Kayapó)