O projeto “Festas Kayapó – Realização e Registro” segue com atividades em três aldeias da etnia no município de Ourilândia do Norte, no Sul do Pará: Kendjan, Aukre e Pykararankre. A aldeia Kendjan, anfitriã da primeira celebração, convidou aldeias vizinhas para participar, promovendo a união e troca cultural entre as comunidades. O projeto, que abrange a realização e a criação de um rico acervo audiovisual da cultura Kayapó, conta com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Realizado pela Associação Indígena Pykôre, o projeto cobre quatro festas tradicionais Kayapó: Báy nhô meteoro, Kôkô, Menire Biok e Memy Biok. As celebrações ocorrem nas aldeias A’Ukre, Kendjam e Pykararãnkre, no Território Indígena Kayapó Menkragnoti. Será realizado registro fotográfico das festividades e das ações do projeto, que vão resultar na produção de um documentário de média metragem, para fins de transmissão de saberes entre os povos indígenas, principalmente para crianças e jovens. Um dos objetivos é a promoção da cultura indígena no país junto à população em geral.
As festas realizadas serão: Báy nhô meteoro, a festa do milho, na qual é contada a história do milho que o povo Kayapó planta e colhe; Kôkô, a festa de nomeação das crianças, na qual celebram o macaco, o tamanduá e o guaribo; Menire Biok, a festa das mulheres (pintura das mulheres); e Memy Biok, festa dos homens (pintura dos homens).
Resgatando tradições ancestrais.
Após o sucesso da festa Memy Biok, que celebrou a cerimônia de nomeação dos meninos, agora é a vez de anunciar a festa Menire Biok, uma celebração exclusiva das mulheres, realizada na aldeia Kendjan, localizada na Terra Indígena Menkragnoti, às margens do rio Iriri. A Menire Biok é uma tradição ancestral que marca a vida das meninas Kayapó, na qual elas recebem seus nomes indígenas das avós, em uma cerimônia cheia de simbolismo e união.
Uma comunidade em harmonia
Logo ao amanhecer, as mulheres entoam cânticos altos para despertar a comunidade, sinalizando o início das festividades. É nesse momento que se escolhe o “dono da festa”, responsável por toda a organização e distribuição de tarefas. Após os preparativos, que incluem cortes de cabelo e pinturas corporais, a aldeia se enche de danças e cânticos.
As tarefas são divididas: as mulheres colhem mandioca para preparar o birarubu, uma espécie de beiju/tapioca recheado, enquanto os homens saem para caçar e pescar. O retorno desses grupos é celebrado com cânticos de alegria, seguido de danças e mais celebrações.
Transmissão de saberes
Um dos momentos mais especiais da festa é a roda de contos e cânticos, que é quando as mulheres mais velhas compartilham histórias e sabedoria com as mais jovens. Este espaço é dedicado exclusivamente às mulheres, destacando seu papel central na preservação e transmissão da cultura Kayapó.
A alegria de preservar e celebrar
Por nota, a Associação Indígena Pykôre comunicou que está orgulhosa em realizar a Menire Biok na aldeia Kendjan, revivendo tradições que há muito tempo não eram celebradas. Este projeto, ressalta a associação, é importante para preservação da cultura Kayapó, como inspiração para as futuras gerações valorizarem e manterem viva a herança cultural.
“Estamos profundamente gratos ao Instituto Cultural Vale por seu apoio essencial. A parceria tem sido fundamental para o sucesso dessas festividades. Ver a alegria nos olhos de cada indígena, do mais velho ao mais novo, nos motiva a continuar promovendo e preservando nossa cultura. Este projeto recebeu todo o suporte necessário, e todos os participantes estão muito felizes e empolgados com sua realização. A festa Menire Biok é um verdadeiro exemplo do compromisso que nossos parceiros têm com os povos indígenas e a preservação cultural”, comemora o presidente Patkare Kayapó.
Saiba mais sobre o Instituto Cultural Vale
O Instituto Cultural Vale acredita que a cultura transforma vidas. Por isso, patrocina e fomenta projetos em parcerias que promovem conexões entre pessoas, iniciativas e territórios. Seu compromisso é contribuir com uma cultura cada vez mais acessível e plural, ao mesmo tempo em que atua para o fortalecimento da economia criativa.
Desde a sua criação, em 2020, o Instituto Cultural Vale já esteve ao lado de mais de 800 projetos em 24 estados e no Distrito Federal, contemplando as cinco regiões do país. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org
(Série especial da Redação do Fato Regional, em parceria com a Associação Pykôre Kayapó)