sábado, 18 de maio de 2024

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Momentos de crise prejudicam jovens no mercado de trabalho

Pesquisa mostra que eles têm mais dificuldade de arrumar emprego e de se manter nele.

As pessoas de 18 a 24 anos, no Brasil, enfrentam mais dificuldades para conquistar um lugar no mercado de trabalho e, depois de conquistado, para mantê-lo. É o que aponta pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com o documento intitulado “Carta de Conjuntura”, publicado pelo instituto na última quarta-feira, 20, o crescimento da população empregada perdeu ritmo durante 2018 e na passagem para este ano. O estudo é feito com base nos dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/ IBGE).

Segundo o levantamento, nos meses de novembro e dezembro do ano passado e janeiro deste ano, a taxa de crescimento da ocupação, tanto em trabalho formal quanto informal, foi de 0,9%. Entre as pessoas de 18 a 24 anos, não houve crescimento e sim retração, de 1,3%.

“A probabilidade de o jovem estando desempregado conseguir emprego é menor do que os outros trabalhadores. E uma vez empregado, a probabilidade de ele ser demitido é muito maior do que a dos outros trabalhadores. É uma conjuntura muito ruim para os jovens”, analisa a diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, Maria Andreia Parente Lameiras, durante entrevista coletiva.

Ainda de acordo com Andreia Lameiras, os jovens são mais penalizados porque têm menor experiência profissional e podem demandar mais treinamento para ingressar no trabalho. “Quando a economia está em crise, e uma empresa vai dispensar trabalhadores, [o empresário] acaba por afastar aqueles que julga que a saída irá impactar menos na produtividade”. Além disso, “sempre pesa o fato de que os mais jovens não são chefes de família”, destaca a diretora.

Lameiras ressalta que mesmo no mercado informal e no trabalho por conta própria, os mais jovens desempregados têm mais dificuldades de ingresso. Assim, agrava-se a possibilidade de que desistam de procurar trabalho, mantenham-se como dependentes, e ingressem no contingente de “desalentados”. Em janeiro, a taxa de pessoas desalentadas, em todas as idades, teve alta de 6,7% na comparação com o ano anterior.

Mercado saturado

Bruno Laranjeira, 26 anos, estudou comunicação social em Belém, mas não conseguiu emprego na capital depois que concluiu a graduação. “Só fui conseguir no interior do Estado, depois de algum tempo. Acredito que muitos mercados estão saturados, pois muitas pessoas são formadas todos os anos e não há vagas para todos. Outra questão, sem dúvida, é a exigência de experiência. Como o jovem pode adquirir experiência se não é dada nenhuma oportunidade a ele? É difícil resolver essa contradição”, opina Bruno. Atualmente, apesar de estar empregado, ele estuda para concursos públicos com o objetivo de conquistar melhores salários.

O Ipea acrescenta em nota oficial que a lenta recuperação do mercado de trabalho, com regressão da ocupação entre os mais jovens, “vem gerando aumento no número de domicílios que declararam não possuir renda de trabalho”.


De acordo com o instituto, a Pnad do IBGE registrou cerca de 16 milhões de casas sem renda proveniente do trabalho no último trimestre de 2018, “o que equivale a 22,2% das quase 72 milhões de residências no país”. No mesmo período de 2017, a proporção era de 21,5%. Antes da recessão [final de 2013], o percentual era de 18,6%.

 

 

Fonte: OLIBERAL.COM