domingo, 19 de janeiro de 2025

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Monitoramento revela violência, preconceito e racismo contra candidatas pelo país

Joyce Halsseman é a mais xingada nas redes sociais - Foto: Reprodução - Agência Câmara Federal

O resultado do primeiro levantamento do MonitorA – ferramenta desenvolvida para avaliar o fenômeno da violência e do discurso de ódio contra as mulheres na atual campanha política e de sua intensidade no ambiente virtual, aponta que 123 candidatas às prefeituras e câmaras municipais no país foram agredidas com xingamentos pelo Twitter.

O monitoramento foi realizado pelo Instituto AzMina, junto aonternetLab e em parceria com o Instituto Update, que registrou quase 11 mil tuítes com termos ofensivos em apenas um mês. Ao menos 1,2 mil deles eram xingamentos direcionados diretamente às candidatas, que geralmente apelam a estereótipos relacionados ao corpo, à sexualidade, à estética e à beleza.

As três candidatas mais atingidas pelos ataques nas redes sociai são: Joyce Halsseman (candidata à prefeita de São Paulo pelo PSL), Manuela D´Ávila (candidata à prefeita de Porto Alegre pelo PCdoB) e Benedita da Silva (candidata à prefeita do Rio de Janeiro pelo PT). Mas também há candidatas do Pará na relação e de outros estados.

Na primeira fase do observatório político de gênero, entre 27 de setembro e 27 de outubro, o MonitorA analisou os comentários no Twitter de candidatas de nove partidos políticos, de diferentes ideologias, que concorrem a cargos de vereadoras, prefeitas e vice-prefeitas, em cinco estados: São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pará e Santa Catarina, além das candidatas às prefeituras dos municípios de Rio de Janeiro e Porto Alegre.  Ao todo, foram identificados 93 mil tuítes com referência às candidatas monitoradas.

Foram considerados somente os tuítes que geraram engajamento (like e/ou retweet), um total de 1,2 mil postagens com xingamentos ou cerca de 40 por dia. Os termos ofensivos foram classificados de acordo com os atributos a que se referiam, como ofensa moral, intelectual, aparência física, descrédito (desmerecimento), gordofobia e transfobia, entre outros.

Os coordenadores da pesquisa acreditam que resultados do levantamento serão fundamentais para a compreensão do papel das redes sociais no processo eleitoral e sobre o quanto questões de gênero, classe, raça e sexualidade perpassam o debate político e como influenciam a percepção de candidatos e eleitores.

“Com este monitoramento, nosso propósito é contribuir para a discussão da violência de gênero em termos de políticas públicas e privadas nas redes sociais”, afirma Bárbara Libório, gerente de projetos no Instituto AzMina.

“Esse projeto vai dar acesso ao cotidiano de campanhas online de mulheres e ajudar a compreender os contornos das violências que ocorrem, tendo em vista, inclusive, que as mulheres são múltiplas” acrescenta Mariana Valente, diretora do InternetLab.

Entre as 10 candidatas mais atacadas, estão três das 35 postulantes à prefeita monitoradas.  A maioria dos tuítes ofensivos à Joice Hasselmann (PSL), candidata à prefeitura de São Paulo, caracterizava gordofobia.  À segunda colocada no ranking, Manuela D’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre, foram direcionados termos ofensivos como bandida e hipócrita, além de descredibilização por sua filiação partidária. Logo na sequência, está Benedita da Silva (PT), no Rio de Janeiro, alvo, principalmente, de racismo e machismo.

Há ainda candidaturas que são alvo de comentários transfóbicos, como é o caso da co-deputada Érika Hilton, que disputa uma vaga na Câmara de Vereadores de São Paulo.

A composição da amostra do MonitorA procurou contemplar também a multiplicidade no que diz respeito aos marcadores sociais (como raça, gênero, sexualidade, classe social). O monitoramento inclui mulheres negras, brancas, indígenas, heterossexuais, lésbicas, bissexuais, religiosas, cissexuais e transexuais, entre outras.

Essa diversidade possibilita analisar o direcionamento das agressões às mulheres e a existência de padrões de acordo com as variáveis ideológicas ou identitárias. O monitoramento ainda seguirá durante toda a campanha eleitoral, no primeiro e segundo turnos, e deverá contemplar também outras redes sociais como Instagram e YouTube.

A ferramenta de análises de dados desses dados foi desenvolvida pela empresa Volt Data Lab. AzMina é um instituto sem fins lucrativos que combate os diversos tipos de violência que atingem mulheres brasileiras.


O InternetLab é um centro de pesquisa em direito e tecnologia, que desenvolve pesquisas em temas de direitos humanos e tecnologia, orientadas a políticas públicas.

 

Fonte: Instituto AzMina