Mulher é linchada no Acre após notícias falsas sobre ela ter matado a própria filha

O Ministério Público do Acre acompanha as investigações sobre o linchamento de Yara Paulino e do desaparecimento da bebê Cristina Maria, de 2 meses. Para a Polícia Civil, os dois casos podem estar relacionados a facções criminosas e servem de alerta sobre o risco de notícias falsas e do senso de 'fazer justiça com as próprias mãos'.
Yara e a bebê Cristina Maria, de 2 meses, que segue desaparecida (Foto: Redes Socias / Edição de Luã Couto, do Fato Regional)

Yara Paulino da Silva, de 27 anos, foi linchada após vizinhos acreditarem que ela teria matado a própria filha de 2 meses em Rio Branco (AC). Tudo piorou quando uma ossada foi encontrada e confundida com a da bebê, que era dada como desaparecida. Eram ossos de um cachorro. E esse é o perigo de notícias falsas: não dar chance de dúvida e atropelar investigações policiais. A mulher morreu, a menina não foi encontrada e outras 2 crianças estão órfãs.

No último dia 15 de março, Cristina Maria, a filha de 2 meses de idade de Yara, foi dada como desaparecida. A família morava no bairro Cidade do Povo, na capital do Acre. Após alguns dias do desaparecimento, que ganhou apoio do programa de alertas Amber Alert Brasil, vizinhos e uma parte da sociedade de Rio Branco começou a desconfiar da mãe. Não registro formal do caso junto à Polícia Civil.

No dia 24 de março, a ossada do cachorro foi encontrada. Sem a análise da perícia, algumas pessoas concluíram, sem provas de nada, que a criança havia sido morta pela própria mãe. A revolta popular foi maior que o bom senso e um grupo de pessoas se reuniu para espancar Yara até a morte. As duas outras filhas dela, de 2 e 10 anos de idade, acabaram presenciando toda a violência. Uma das crianças não possui registro e documentação.

Para a Polícia Civil, que já avançou nas investigações que agora incluem um homicídio por multidão, o desaparecimento da bebê Cristina Maria e o linchamento foram provocados por facções criminosas. Os casos seguem em apuração e agora acompanhados de perto pelo Ministério Público do Acre. As duas filhas órfãs de Yara estão em um abrigo, após terem sido desalojadas pela cheia do rio Acre.

(VICTOR FURTADO, da Redação do Fato Regional)


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