Não foi bem uma surpresa para ninguém, mas como o próprio Fato Regional adiantou, as três influencerss de Tucuruí presas por divulgar o “Jogo do Tigrinho” (Fortune Tiger e similares) não iriam passar nem 48 horas presas. Pois não ficaram nem 24 horas detidas. Ainda nesta terça-feira (18) Angela Sara de Abreu Sousa, Jeriane Correa e Andreza Hadila Alves Mendes já estavam em liberdade.
Angela, Andreza e Jeriane foram alvos da megaoperação “Hemera”, da Polícia Civil do Pará. Foram 30 agentes mobilizados para cumprir três mandados de prisão temporária contra as influencers e cinco mandados de busca e apreensão. Um gasto considerável de recursos públicos e tempo da polícia. E o mesmo Poder Judiciário que expediu os mandados desfez as medidas durante as audiências de custódia.
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O mesmo posicionamento do Judiciário foi visto na operação “Truque de Mestre”, a primeira grande operação da Polícia Civil do Pará contra a divulgação de jogos de azar on-line, ocorrida em dezembro de 2023. Ainda na noite desta terça-feira, pouco depois de serem postas em liberdade, Andreza e Jeriane foram aos stories do Instagram para agradecer o apoio dos seguidores delas.
As investigações que levaram à operação “Hemera’ — que remete à deusa grega da beleza, manipulação e trapaça — apontam que as influencers montaram enormes patrimônios a partir da divulgação do “Jogo do Tigrinho”. Nas redes sociais, Jeriane, Andreza e Angela ostentam vidas de luxo, com festas, bens, viagens, roupas e joias. Enquanto isso, diversas pessoas que acreditam nelas perdem dinheiro com as promessas de grandes prêmios nas plataformas.
O Fato Regional respeita o princípio da presunção de inocência e sempre abre espaço para a defesa dos mencionados em casos policiais — se os advogados ou envolvidos acharem conveniente quaisquer manifestações —, garantindo amplo direito ao contraditório.
Por que o Jogo do Tigrinho é ilegal?
O Jogo do Tigrinho é um muito semelhante a um cassino on-line. Esse modelo de negócio é proibido no Brasil. Por sinal, a sede da empresa e plataformas estão hospedados em servidores fora do país. Uma das razões para a proibição é que trata-se de um jogo de azar, ou seja, que não depende da habilidade do jogador, não tem previsibilidade de ganhos, ou transparência. Bem diferentes das loterias, que além de terem regras específicas, contribuem para a arrecadação.
No Jogo do Tigrinho, o apostador se vê diante de uma máquina caça-níqueis digital. Não há como saber quanto e quando o apostador pode ganhar. Assim como outros jogos de azar, as cores, sons e pagamentos esporádicos criam uma relação de vício e dependência. Por todo o Brasil, há vários relatos de pessoas que perderam muito dinheiro nas apostas. E muitos foram recrutados e ludibriados por influencers oferecendo bônus, presentinhos e outros “mimos”.
Esse recrutamento constante das influencers e diversos perfis de redes sociais que agora infestam grupos de WhatsApp, Instagram, Twitter / X e TikTok configuram o que a Polícia Civil em vários estados veem como um moderno esquema de pirâmide. Nesse esquema, uma pessoa precisa recrutar mais pessoas para ter benefícios. Isso faz com que as pessoas no tipo da pirâmide ganhem muito e quem está na base não ganhe nada ou até perca.
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)
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