É no Twitter, muitas vezes pela madrugada, que a Primeira-Dama do Estado, Daniela Barbalho, torna pública as opiniões dela. Em meio à guerra de informações entre os que defendem o isolamento social e os que pregam a volta à rotina como se o mundo não enfrentasse a pandemia de um vírus letal, ela, que até agora mantinha postura discreta nas redes, tem quebrado o silêncio e partido para a defesa do isolamento social e as políticas de enfrentamento ao novo coronavírus do Governo do Pará, liderado pelo marido, o governador Helder Barbalho (MDB).
Madrinha de três dos principais programas do Governo Helder, entre eles o Territórios Pela Paz, a fala de Daniela se alinha com a do marido. Porém, sem o peso do cargo, as falas não precisam do tom polido da diplomacia que costuma pautar chefes de governo. As críticas que ela dispara, compartilha ou endossa no Twitter, vão desde usuários desconhecidos a conhecidas figuras da República brasileira. Ao ex-ministro da Cidadania do Governo Bolsonaro, o deputado federal Osmar Terra, que compartilhou o trecho de uma matéria que dizia que “a melhor defesa que os seres humanos têm contra patógenos não é o isolamento – é a informação”, Daniela disse: “Então, por favor, aproveite que não tem sessão na Câmara, saia do Twitter e como médico vá para os hospitais ajudar os demais. Seria bem melhor!!!”.
Num post do dia 25 de março, a alfinetada da primeira-dama foi no próprio presidente Jair Bolsonaro. Ao retuitar uma matéria do Correio Braziliense cujo título era “Italianos doam tablets para pacientes terminais se despedirem das famílias”, ela comentou: “para os que acreditam que é só uma gripezinha, que Deus nos proteja e nos livre”. Como se sabe, gripezinha é como Bolsonaro tem se referido à Covid 19, doença causada pelo Cornavírus e que já matou mais de 38 mil pessoas pelo mundo.
Há três dias, foi a vez do Ministro da Economia Paulo Guedes se tornar alvo dos comentários da primeira-dama. Ao compartilhar uma matéria do portal Metrópoles que destacava a ida de Paulo Guedes para a Granja do Torto por conta de problemas de hotéis em Brasília, Daniela Barbalho ironizou: “Se isolar? Mas não é só uma gripezinha?”. A frase se completa com três emojis: um com uma máscara hospitalar, outro de dois olhos e o terceiro, mas não menos importante, de um caixão.
Também há 3 dias, à 00h52, como é possível verificar no Twitter, a primeira-dama do Pará criticou o Ministério da Saúde. Foi ao compartilhar outra matéria do Correio Braziliense que destacava que a pasta de Mandetta lamentava a morte de um indígena, por covid-19, em Brasília. O tom da resposta da primeira-dama foi ácido: “lamenta, mas não evita, isolamento social já!”.
Nos últimos dias, quem entrou na roda de críticas da primeira-dama foram os apoiadores de Bolsonaro. Após o Governo do Pará endurecer medidas restritivas e proibir aglomerações com mais de 100 pessoas, dentre as quais se encaixava a carreata do último domingo que aglomeraria apoiadores do presidente que são contrários ao isolamento social, Daniela Barbalho, ao compartilhar o post de um usuário comum disse: “Todo o Pará preparado de suas janelas de apartamentos ou casas contra os Promovedores e Proliferadores da Morte”, sugerindo o atiramento de ovos nos manifestantes.
Às 02h29 da manhã de 29 de março, a primeira-dama desafiou aqueles que dizem que o novo Coronavírus não passa de uma “gripezinha”. Compartilhou a montagem de um documento com o brasão da república cujo signatário que o assinasse abdicaria de um leito de hospital ou um respirador caso contraísse o vírus. “Reitero que sou blindado pelo conhecimento do meu presidente, pelo sangue do cordeiro, tenho histórico de atleta e irei às ruas amanhã mesmo, deixo assim os leitos aos esquerdistas e outros que não acreditam que a terra é plana. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, dizia a montagem do documento.
A AMZ procurou a Secretaria de Comunicação do Governo do Pará para comentar as declarações da primeira-dama e aguarda a resposta.
Fonte: AMZ