De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na última década, o número de adolescentes entre 16 e 17 anos que solicitaram o primeiro título de eleitor caiu 82%. Como comparativo, em 2012, 2.603.094 pessoas dessa faixa etária pediram o documento, mas ano, pelo menos até o dia 21 de março, o número de jovens que solicitaram foi de apenas 466.227.
Neste ano, estima-se que 96.325 meninas de 16 anos e 160.663 de 17 anos, assim como 69.002 de meninos de 16 anos e 140.237 de 17 anos se registraram para poder exercer o primeiro voto. O analista de enfrentamento à desinformação do TSE, Diogo Cruvinel, cita que a queda na adesão é motivada principalmente por mudanças na composição de idade da população nacional: “A gente avalia que o interesse por política não é um dos fatores. O jovem é bastante interessado por política, mas têm algumas situações relevantes. A pirâmide etária está se invertendo, a população está envelhecendo”, diz.
Porém, Cruvinel também avalia que há reflexos do enfrentamento ao coronavírus neste comportamento: “A Justiça Eleitoral sempre fez campanhas nas escolas, de atendimentos itinerantes para tirar o título. Devido à pandemia, as aulas presenciais ficaram a distância e as campanhas foram suspensas”, pontuou. Outro aspecto indicado pelo analista do TSE é que a busca pela emissão do título costuma ser maior durante anos de eleições municipais, principalmente devido à proximidade que a população costuma ter com os candidatos.
Embora o TSE não considere o desinteresse dos adolescentes um fator determinante para este resultado, para Jairo Nicolau, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas, este é um fator que pesa na realidade da busca pelo direto ao voto: “De 1989 pra cá, vimos esse número cair bastante nessa faixa etária. Antes era algo perto de 70%, hoje chega a 40%, 30%, o que constata esse desinteresse. Os partidos estão bem envelhecidos, não há renovação etária, há dificuldade de diálogo e de atrair jovens para a militância. A expectativa dos jovens nessa idade também é muito diferente do que é debatido. Temas como diversidade, meio ambiente, mercado de trabalho e universidades não são prioritários”, avalia.
Incentivo virtual
Na semana entre 14 e 18 de março o Tribunal Superior Eleitoral promoveu a Semana do Jovem Eleitor para atrair este público, que terminou com 96.425 novos títulos para o público entre 15 e 18 anos. Ao todo, foram 4.387 mil títulos novos de jovens de 15 anos, que completam 16 anos até o primeiro turno das eleições; 22.934 mil para adolescentes já com 16 anos; 33.582 mil de pessoas com 17 anos; e 35.522 mil para pessoas com 18 anos.
O TSE avalia a semana como um sucesso, principalmente com o tuitaço organizado pelo próprio órgão com 88 milhões de menções na rede social e pelo engajamento espontâneo de diversos artistas, como Anitta, Luiza Sonza e o ator norte-americano Mark Ruffalo. O ministro Edson Fachin, presidente do TSE, defende que a presença da juventude nas eleições é necessária e fundamental para oxigenar a democracia: “Essa cidadania da juventude, no nosso modo de ver, é incompleta se ela não se transforma numa participação ativa no processo eleitoral. Por isso, campanhas de sensibilização, divulgação do calendário eleitoral para que, até 4 de maio, os jovens que completem 16 anos até 2 de outubro se inscrevam e, como eleitoras e eleitores, exerçam a cidade plena”, destacou.
Como solicitar o título eleitoral?
O pedido para tirar o título de eleitor pode ser feito pela internet, no portal do TSE (tse.jus.br). O interessado deve ir na aba “Eleitor e eleições”, clicar em “Autoatendimento do eleitor” e selecionar “Tire seu título”.
Com informações da CNN Brasil