Operação conjunta encerra garimpo onde trabalhadores foram soterrados, em Canaã dos Carajás

Ação foi conduzida pela PF, em conjunto com o ICMBio, Ibama e Força Nacional. Durante a ação, foram inutilizados maquinários e cumpridos mandados de busca e apreensão em pontos de extração ilegal de cobre em Canaã dos Carajás e de ouro em Parauapebas
Foram destruídos maquinários, instalações e alojamentos precários durante a operação conjunta (Foto: Polícia Federal)

Uma operação conjunta da Polícia Federal com ICMBio, Ibama e Força Nacional desativou um garimpo ilegal de cobre em Canaã dos Carajás, Sudeste do Pará. O local foi o mesmo em que, em janeiro, três operários foram soterrados após o desabamento de um poço, também onde um garimpeiro voluntário das buscas foi eletrocutado. A ação ocorreu na manhã desta sexta-feira (7).

“Foram inutilizados ou apreendidos 10 motores estacionários, 15 acampamentos, duas canoas, um motor de rabeta, duas armas artesanais e duas pás carregadeiras. Os poços chegam a alcançar 50 metros de profundidade e 100 metros de comprimento total, trazendo risco à vida dos trabalhadores e, em muitos casos, trabalho análogo à escravidão”, diz nota da PF sobre a operação.

Máquinas foram destruídas, mandados judiciais foram cumpridos e houve bloqueio de bens dos investigados, que são diferentes pessoas e com diferentes participações na manutenção e operação do garimpo (Foto: Polícia Federal)

O mesmo garimpo já havia sido alvo de operações e fiscalizações antes do incidente com os garimpeiros em janeiro. O ICMbio aponta que os poços de extração de cobre deram prejuízo estimado de mais de R$ 362 milhões pela usurpação de bem mineral da União, nos últimos cinco anos de funcionamento do garimpo, além de R$ 6,2 milhões em danos ambientais.

As instalações precárias onde os trabalhadores ficavam, em condições inseguras que, para a PF, podem configurar trabalho análogo à escravidão (Foto: Polícia Federal)

A ação, explica a Polícia Federal, é cumprimento de mandado de busca e apreensão, que autorizou destruição de máquinas e alojamentos usados no garimpo ilegal, dentro da Floresta Nacional de Itacaiúnas. Também foram expedidos dois mandados de prisão contra pessoas suspeitas de financiar a extração ilegal de cobre. E ainda foi realizada penhora solidária de R$ 6 milhões de três investigados, para reparar danos ambientais e econômicos.

“Existem diversas perfurações para a extração de cobre, com donos diferentes. A Polícia Federal trabalha na identificação de cada um deles. A região já foi alvo de diversas operações, porém a exploração ilegal retorna ao local, muitas vezes com estrutura ainda maior. A manutenção dessa atividade costuma ocorrer com apoio de financiadores de fora do estado, com investimento em construção de aporte de energia elétrica e transformadores de grande capacidade, casas de apoio com estrutura para alimentação e sono, afetando a biodiversidade local. Na quinta-feira (6), a PF deu apoio na desativação de áreas de garimpo ilegal, desta vez para extração de ouro, em Parauapebas. A atividade irregular é recorrente na região e polui rios essenciais para o abastecimento da cidade”, conclui a nota da PF.

(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)


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