sexta-feira, 22 de novembro de 2024

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Paciente de Tucumã é pedida em casamento no HOL

Um local improvável, o Hospital Ophir Loyola foi escolhido pelo piloto de avião, Caio Aguiar, 23, para pedir a amada em casamento no último sábado (16). A noiva Maria Amanda, 24, está internada desde o dia 21 de outubro para o tratamento contra a leucemia promielocítica aguda. Esse câncer é caracterizado pela superprodução de células imaturas (blastos) que se desenvolvem de forma desordenada, param de exercer a função de proteger o organismo e geram sérios problemas de coagulação e de hemorragia.

A história do jovem casal iniciou em maio deste ano, no município de Tucumã, onde ele realizava voos para um garimpo onde a família dela trabalha. Eles se conheceram por intermédio de Kelson, cunhado de Amanda, que começou a mostrar fotos e falar bem da jovem para o piloto. Caio encantou-se com a beleza dela e um dia resolveu aparecer na casa da família da moça. Amanda prontamente se escondeu no quarto e só saiu de lá com auxílio da irmã. Começaram a sair em família e logo estavam namorando. Desde então, estavam sempre unidos, descobriram muitas afinidades e faziam planos para o futuro.

No final de novembro, Amanda apresentou um leve sangramento num dente em que havia feito canal, o odontólogo optou pela extração que iniciou uma hemorragia. Mesmo em casa, a cirurgia não parava de sangrar, desmaiou. Às pressas, foi levada por Caio ao hospital. Após cinco dias internada, recebeu alta, mas precisou retornar à casa de saúde. Os exames deram alterados, inclusive com plaquetas muito baixas.

“O médico disse que eu tinha uma doença rara que afetava a coagulação. Chorei muito, pois estava tentando engravidar quando adoeci. Fui encaminhada para a Santa Casa de Misericórdia, em Belém. Lá fizeram mais exames e atestaram a leucemia. Fui transferida para o Ophir Loyola, fiquei arrasada. Recebi a notícia como uma sentença de morte, mas a especialista que faz o meu acompanhamento informou sobre chances de cura”, conta Amanda.

O hospital público estadual Ophir Loyola é referência no tratamento de doenças hematológicas malignas. O serviço usufrui das técnicas da biologia molecular com tecnologia avançada para a classificação das leucemias. O planejamento e tratamento são individualizados, a partir das informações obtidas com a análise genética. Com isso, consegue-se aumentar a chance de cura e reduzir os efeitos colaterais da terapia.

 O chefe do Serviço de Oncohematologia, Thiago Carneiro, explica que o serviço  do Ophir Loyola é o maior e mais especializado do Pará, incluindo sistema público e privado. “Possuímos médicos e equipe multiprofissional capacitada para o tratamento de leucemia, linfomas, mieloma e outras doenças do sangue, sendo o único com enfermaria especificamente dedicada a essas doenças”, elucida.

Durante uma semana, Amanda foi submetida ao esquema quimioterápico, com intervalo de um dia entre cada aplicação. As madeixas longas e loiras foram substituídas por lenços e turbantes. Por esse motivo, Caio raspou a cabeça, mesmo muito apegado ao cabelo, com o intuito de mostrar que está com ela, a luta é dos dois.

A decisão estava tomada, encomendou as alianças, alugou um traje e comprou um buquê de rosas.  Não houve programação, ele chegou ao hospital e pediu autorização. A enfermeira responsável, Maria Lina, disse que Amanda teria que fazer alguns exames, pegou o prontuário, uma requisição fictícia, e levou a jovem até à capela localizada no segundo andar. “Aqui, buscamos tratar não só a doença, mas o paciente como um todo. Quebramos o protocolo para seguir o roteiro maravilhoso da vida”, diz.


Com a bênção de um pastor, sem muita cerimônia, o pedido de casamento foi realizado e emocionou os presentes. “Eu me apaixonei por uma mulher bela, meiga e delicada. Meu amor só fez aumentar durante este tempo. Perdi dez quilos, mal conseguia me alimentar de tanta preocupação. Entreguei o meu cargo para poder ficar mais perto, queria que ela tivesse certeza do quanto é amada”, relata.

 

Fonte: Agência Pará