quinta-feira, 28 de março de 2024

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Pandemia afeta quadro emocional da gravidez e do pós-parto

Especialistas explicam como alterações emocionais e psicológicas provocadas pela covid-19 atingem fisicamente as mulheres neste período
Solene Cardoso, de 41 anos, mãe de Luiz Henrique, do município de Abaetetuba (PA) (Ascom Pró-Saúde)

Durante a gravidez e no puerpério, popularmente conhecido como período de resguardo, além das mudanças físicas, ocorrem significativas alterações emocionais e psicológicas nas mamães. Esse quadro emocional tão sensível, que reflete diretamente no bem-estar do bebê, pode ser fortemente impactado em meio às preocupações causadas no período de pandemia da covid-19.

O encontro de sentimentos foram frequentes para dona de casa Solene Cardoso, de 41 anos, mãe de Luiz Henrique, e moradora do município de Abaetetuba (PA). Ela diz que lidar com a carga emocional foi um obstáculo que só foi amenizado por meio de uma rede de apoio do Hospital Materno-Infantil de Barcarena (HMIB) Dra. Anna Turan, no nordeste paraense.

“Passei três meses acompanhando meu bebê na UTI. Com a pandemia acontecendo e mentalmente sobrecarregada. A rede de apoio daqui durante o parto e pós-parto foi o que me salvou. Um suporte para lidar com toda essa carga emocional faz muita diferença. Seria muito bom se todas as mulheres fossem acolhidas assim”, descreveu a mãe.

Mãe de primeira viagem, Jéssica Mendes, de 26 anos, moradora de Parauapebas, no sudeste paraense, planejou a gravidez da pequena Mirela Sofia durante anos, no entanto, devido a complicações, precisou lidar com a prematuridade em meio à pandemia. Ela também contou e ainda conta com o apoio da rede do hospital para lidar com os desafios emocionais.

“Com a gravidez e parto, vem mais nervosismo, ansiedade, a insegurança, o medo. Ser mãe antes da hora, em meio a uma pandemia, foi muito para mim. É meu primeiro bebê. É difícil lidar com sentimentos que surgem todo o tempo e você nunca está preparada para isso”, relatou.

Conflitos internos

Os conflitos internos das mães são explicados pela psicóloga Daniella Dias, com atuação pela entidade filantrópica Pró-Saúde no HMIB. “Algumas alterações têm origem hormonal e são comuns nessas fases, porém podem ser potencializadas em um cenário de crise. Muitos conflitos internos surgem a cada dia para mães que lutam diariamente tentando se adaptar a este novo cenário”, destacou.

Ela detalha que é por meio dessa rede de apoio do Hospital Materno-Infantil de Barcarena que as mulheres conseguem identificar as causas, sintomas, diferenças de alterações emocionais, distúrbios psicológicos, mas também conseguem ter uma troca de experiências com outras mães que enfrentam desafios semelhantes.

“Nós trabalhamos com esse acolhimento psicológico no pré-natal, durante o parto e no período de ‘baby blues’, onde acontece uma mudança abrupta de humor e dura em média 15 dias após o parto, mas onde também pode haver maior incidência de depressão. O apoio profissional e respeito são essenciais para elas lidarem com esse novo desafio de ser mãe na pandemia”.

Sintomas e alterações

Ainda segundo a psicóloga Daniella Dias, há uma intensidade de sentimentos que a mãe vivencia durante a gestação e após o parto, e essas alterações podem modificar características da personalidade da mãe, assim como, favorecer uma maior carga mental e esgotamento físico.

“A mãe começa a apresentar sintomas de ansiedade e estresse intensos, com maior irritabilidade, choro excessivo, fadiga, dificuldade no sono e na alimentação, isso junto com as alterações hormonais, que podem desencadear em uma depressão”, ressaltou.

De acordo com a assistente social Celina Cruz, que também atua pela Pró-Saúde no HMIB, nesses períodos, a mulher também lida com mudanças sociais e culturais que podem interferir no psicológico, diminuindo o autocuidado.


“Gerar e ter um filho traz inúmeras mudanças ao corpo, na rotina, na casa e na vida pessoal que impactam na saúde mental da mulher”, pontuou. A maternidade, segundo a assistente, “interfere em todos os outros papéis que a mulher desempenha, e ela não é só cor de rosa tem tons sombrios também”.

 

 

Fonte: O Liberal