Pela oitava vez na história, o Pará foi a referência para uma escola de samba do carnaval carioca. Neste ano, a Grande Rio, que terminou como vice-campeã. O enredo “Pororocas Parawaras: as águas dos meus encantos nas contas dos curimbós” abordou a cultura e a biodiversidade do estado que vai sediar a COP30, em novembro. O governador Helder Barbalho (MDB) participou do desfile e se emocionou em ver o Pará sendo homenageado.
A Grande Rio foi a penúltima escola a entrar na Sapucaí na terça-feira (4). Muitos paraenses e bandeiras do Pará marcaram o desfile. Entre os versos que passeiam por animais amazônicos, regiões do estado, lendas paraenses e a história das princesas turcas Jarina, Herondina e Mariana — caboclas de religiões de matriz africana, como Tambor de Mina — são retratadas como parte de uma natureza viva e cultural.
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O desfile também marcou o fim do reinado de 7 anos da atriz Paolla Oliveira como rainha da bateria da Grande Rio. Outros destaques foram a bailarina e ex-BBB Alane Dias, a atriz Dira Paes, a cantora Fafá de Belém e a cantora e compositora Naieme. A ex-BBB amazonenses Isabelle Nogueira também desfilou, reforçando o enredo como uma homenagem também à Amazônia como um todo.

O governador Helder Barbalho e a escola também desmentiram uma fake news, de que o Governo do Pará havia patrocinado a escola de samba com R$ 15 milhões, informação levantada pelo jornalista Ancelmo Gois, de O Globo, em 2024. O patrocínio foi de empresas privadas, através de projetos de incentivos fiscais. “Essa homenagem não envolve nenhum patrocínio por parte do Estado do Pará, que se sente imensamente honrado em ter sua história e sua cultura representados no Carnaval do Rio de Janeiro”, diz comunicado da Grande Rio.
Toda as 8 vezes em que o Pará foi tema no Carnaval do Rio de Janeiro:
- 1975 – Estácio de Sá (10º lugar): “A Festa do Círio de Nazaré”
- 1993 – Salgueiro (campeã): “Peguei um Ita no Norte” ou “Explode Coração”
- 1998 – Beija-Flor (campeã): “O Mundo Místico dos Caruanas na Águas do Patu-Anu”
- 2004 – Viradouro (4º lugar): “Pediu pra Pará, Parou! Com a Viradouro Eu Vou… Pro Círio de Nazaré”
- 2013 – Imperatriz Leopoldinense (4º lugar): “Pará – O Muiraquitã do Brasil. Sobre a Nudez Forte da Verdade, o Manto Diáfono da Fantasia”
- 2017 – Imperatriz Leopoldinense (7º lugar): “Xingu – O Clamor que Vem da Floresta”
- 2020 – Estácio de Sá (rebaixada): “Pedra”, falando sobre Garimpos na região dos Carajás. “O garimpo traz o ouro a cobiça dos mortais. Peneirar, peneirar. Devastando a natureza no Pará dos Carajás”, diz verso da letra do samba
- 2025 – Grande Rio (vice-campeã): “Pororocas Parawaras: as águas dos meus encantos nas contas dos curimbós”
“A Grande Rio levou alegria, tradições, beleza e nossa cultura para a Sapucaí. Parabéns a todos os trabalhadores do barracão da escola por tanta entrega e dedicação! O título não veio, mas chegamos perto, ficamos em segundo. O orgulho e a emoção são gigantes, assim como foi o desfile. Foi emoção do começo ao fim. O Pará brilhou na Sapucaí. E como brilhou! A escola fez história com Pororocas Parawaras, exaltando nossa cultura com um desfile inesquecível, que nos encheu de orgulho. O vice-campeonato só reforça a grandeza dessa homenagem. Em nome do povo paraense, meu muito obrigado! Seguimos levando nossa força, nossa cultura única cada vez mais longe. Égua do orgulho!”, disse o governador Helder Barbalho.

Veja a letra do enredo da Grande Rio homenageando o Pará:
A Mina é Cocoriô
Feitiçaria Parawara
A mesma Lua da Turquia
Na travessia foi encantada
Maresia me guia sem medo
Pro banho de cheiro
Na encruzilhada, espuma do mar
Fez a flor do mururé desabrochar
Pororoca me leva
Pro fundo do igarapé
Se desvia da flecha, não se escancha em puraqué
Quem é de barro, no igapó, é Caruana
Boto assovia, ô, Mãe d’Água dança
Se a Boiúna se agita, é banzeiro, banzeiro
Quatro contas, um cocar
Salve, Arara Cantadeira
Borboleta à Espreita
E a Onça do Grão-Pará
Se a Boiúna se agita, é banzeiro, banzeiro
Quatro contas, um cocar
Salve, Arara Cantadeira
Borboleta à Espreita
E a Onça do Grão-Pará
Na curimba de babaçuê
Tem falange de ajuremados
A macaia codoense é macumba de outro lado
Venham ver as Três Princesas baiando no curimbó
É doutrina de santo rodando no meu carimbó
E foi assim
Suas espadas têm as ervas da jurema
Novos destinos no mesmo poema
E nos terreiros, perfume de patchouli
Acende a brasa do defumador
Pro mestre batucar a sua fé
Noite de festa, curió marajoara
Protege Caxias nas águas de Nazaré
É força de caboclo, vodum e orixá
Meu povo faz a curva como faz na gira
Chama Jarina, Herondina e Mariana
Grande Rio firma o samba no Tambor de Mina
É força de caboclo, vodum e orixá
Meu povo faz a curva como faz na gira
Chama Jarina, Herondina e Mariana
Grande Rio firma o samba no Tambor de Mina
(VICTOR FURTADO, da Redação do Fato Regional)
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