sexta-feira, 22 de novembro de 2024

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Pará conquista 24 medalhas na dança em cadeira de rodas

Trata-se de uma das melhores colocações dentre todos os concorrentes - incluindo 17 atletas do México, país que ostenta tradição e histórico vitorioso na modalidade
Equipe venceu o favoritismo mexicano. (Foto: Marco Santos / Agência Pará)

O esforço deu certo, e mesmo sem palco, pela tela do computador, o reconhecimento nacional e internacional veio. A Cia de Dança do Nosso Jeito, vinculada à Fundação Cultural do Pará (FCP), conquistou 24 medalhas pelo Campeonato Brasileiro de Dança Esportiva em Cadeira de Rodas (CBDCR) e pelo I Open de Paradança, realizados simultaneamente de forma virtual, por causa da pandemia, nos dias 17 e 18 de outubro. Trata-se de uma das melhores colocações dentre todos os concorrentes – incluindo 17 atletas do México, país que ostenta tradição e histórico vitorioso na modalidade: 18 de ouro, duas de prata e outras quatro de bronze.

De acordo com uma das coreógrafas, Jeniffer Soares, responsável pela elaboração de quatro danças para dois atletas, cada “sala de competição virtual” chegava a receber até 200 espectadores simultâneos. “Para nós, os resultados vieram como o esperado, porque eles estavam se preparando há muito tempo para isso, ensaiando, se dedicando. Mostraram a capacidade que tem, que a dança tem dessas. Ainda mais em cadeira de rodas, que amplia as possibilidades para os usuários, confirma que eles são capazes de ir além”, reconhece.

Aída Nunes ganhou o ouro no CBDCR e prata no Open. Estreante, ela conta ter se emocionado bastante, até porque admite falhas na execução da coreografia. Ela não esperava tanto destaque depois disso. “Eu me superei, é um desafio. Eu vim do esporte, do basquete, e quem olha acha fácil, mas não é. Você tem que sentir, incorporar a música para conseguir dançar. Eu tive muito apoio do grupo todo, dos coreógrafos, dos parceiros”, admite a ganhadora.

O também atleta David Pontes levou quatro medalhas de ouro na categoria iniciante. Ele lembra das dificuldades em criar uma logística que permitissem que os ensaios não parassem por causa do distanciamento social. “Não tenho palavras para expressar toda a minha gratidão. Também venho dos esportes, é meu primeiro contato com a dança, minha primeira competição. Todo mundo ajudou demais e lembro de travar, emocionado, quando terminei de executar as coreografias, não acreditava que tinha conseguido, que tinha dado certo”, confirma. Tanto ele quanto os demais vencedores dedicaram suas conquistas ao colega de grupo, Adriano “Japa”, que não pôde participar das competições esse ano por questões de saúde. “Ano que vem vamos dançar todos juntos!”, torce o parceiro.

Para quem está na rotina, todos os dias, independente de competições, os resultados excelentes refletem nos esforços, na determinação, e principalmente na evolução dos bailarinos. “A gente não tinha noção de como seria essa edição online, com participação do México, que é referência das Américas na dança em cadeira de rodas. “Nossos meninos e meninas foram surpreendentes, superaram as nossas expectativas em termos de classificação. Mais uma vez o estado do Pará, com todas as dificuldades que o país inteiro está enfrentando, conquistou novamente o destaque. A medalha é realmente um resultado, uma consequência, e eles merecem de fato esse toda essa validação”, analisa Ricardo Reis, diretor técnico da Companhia, antecipando que é possível que o grupo volte a competir em novas programações em dezembro deste ano.

Antes do grande dia, o nervosismo do atleta Cleyton Bentes era não saber quem e quantas pessoas estariam lhe assistindo. “Não tem jeito, a gente se dedica, fica nervoso, chora, dá força um para o outro. Graças a Deus deu tudo muito certo, fomos todos agraciados e tenho que agradecer porque aqui temos uma segunda família”, afirma ele, que também levou quatro medalhas de ouro.


Ganhador de duas medalhas, Elielson Silva reconhece que a Cia do Nosso Jeito, como um todo, representou o Pará à altura. “Acho que foi o nosso espírito de unidade que garantiu isso. Estamos sempre nos ajudando nos mínimos detalhes, isso fez a diferença, junto do trabalho dos nossos excelentes coreógrafos. Até as mensagens de quem estava longe, como é o caso do ‘Japa’, tudo isso contou muito para que a gente se concentrasse e chegássemos onde chegamos”, justifica.

(Fonte: Carol Menezes, Agência Pará)