quarta-feira, 15 de maio de 2024

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Pará desperdiça quilômetros de rios navegáveis no Estado

Aproximadamente 1,4 mil quilômetros de rios cortam o Pará

O País desperdiça 44 mil quilômetros de rios que poderiam ser utilizados para navegação comercial. A extensão corresponde a quase 70% dos 63 mil quilômetros que poderiam ser utilizados. O dado é do estudo divulgado ontem pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), que aponta o aproveitamento comercial (para cargas e passageiros) do transporte hidroviário em apenas 19,5 mil km (30,9%) da malha.

Pelo levantamento as maiores extensões navegáveis do Brasil estão localizadas nas regiões hidrográficas amazônicas (cerca de 16 mil km) e Tocantins/Araguaia (aproximadamente 1,4 mil km), que corta o Estado do Pará. “Essas extensões são, de fato, utilizadas. Mas o potencial é ainda muito maior”, analisa o relatório.

Enquanto China e Estados Unidos possuem, respectivamente, 11,5 km e 4,2 km navegáveis por 1.000 km² de área, o Brasil dispõe apenas de 2,3 km. Caso o país aproveitasse todo o potencial desse modelo de transporte, tal densidade aumentaria para 7,4 km por 1.000 km² de área.

No entanto, em 2016 (última informação disponível), a extensão de vias interiores utilizadas no Brasil era 7,1% inferior à extensão em uso nos anos de 2010/2011 e 11,7% menor que a de 2013. A redução na extensão navegada é explicada por questões naturais e climáticas (tais como os déficits de precipitação pluviométrica e os baixos níveis hidrométricos em determinadas regiões), mas também pela falta de confiança quanto à navegabilidade de alguns trechos – resultado do baixo investimento em monitoramento constante e manutenção das vias interiores (por meio de dragagens, derrocamentos, sinalização e balizamento).

Dentre as regiões hidrográficas, a Tocantins/Araguaia foi a única que registrou aumento nos dois últimos período, ainda assim muito discreto. Entre 2013 e 2016, as vias economicamente navegáveis tiveram um acréscimo de só 11 km (0,8%), passando de uma extensão de 1.360 km para 1.371 km. Já na comparação com 2010/2011, a elevação foi mais intensa, de 39,6% ou um incremento de 389 km.

Ao explorar cada uma das razões pela ineficiência no setor, a entidade afirma que o país ainda não possui de fato hidrovias, considerando as estruturas necessárias para navegação. “Embora as vias navegáveis no Brasil sejam chamadas de hidrovias, o país não tem, de fato, hidrovias nos moldes que esse tipo de infraestrutura requer. O sistema Tietê-Paraná é o que mais se aproxima de uma hidrovia”, diz trecho do documento.

A explicação da CNT está no fato de que as vias interiores hoje podem ser navegáveis por suas características naturais, e não por terem tido melhorias, com dragagem e derrocamento (retirada de material submerso que impede a navegação, como rochas) ou por possuírem terminais, eclusas e monitoramento.

Conforme o estudo, apesar da redução da malha, o transporte de cargas pelo modal hidroviário cresceu nos últimos anos. O aumento foi de 34,8% entre 2010 e 2018, passando de 75,3 milhões de toneladas para cerca de 101,5 milhões de toneladas. Esse volume pode ser ainda maior porque a Antaq não contabiliza a movimentação da totalidade das instalações portuárias.


Das 12 regiões hidrográficas do Brasil, apenas seis possuem registro de transporte de cargas por vias interiores entre 2010 e 2018. Na Região Hidrográfica Amazônica, somente em 2018, foi transportado um volume total de cerca de 63 milhões de toneladas.

 

 

Fonte: O Liberal/Tiago Villarins