Somente este ano já ocorreram cinco casos de supostas ameaças feitas por alunos contra comunidades escolares no Pará. A maioria dos casos foram em escolas públicas. O mais recente foi registrado nesta quarta-feira (6) na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (E.E.E.F.M.) Professor Cornélio de Barros, no bairro da Marambaia. Há pouco mais de uma semana, outro caso aconteceu na E.E.E.F.M. Erotildes Frota Aguiar, no último dia 28, no Conjunto Júlia Seffer, em Ananindeua, também na Região Metropolitana de Belém.
MEDO
As aulas não foram suspensas esta quarta na escola Professor Cornélio de Barros. Porém, muitos alunos não foram à escola, apreensivos com o que pudesse acontecer. Na manhã desta quinta (6), a escola estava com portões abertos, com vigilante na portaria. Nem a direção da escola nem os alunos quiseram falar com a reportagem.
Um professor que preferiu não se identificar informou que, logo cedo, as aulas deram lugar a uma reunião para discutir o tema sobre os cuidados e a violência nas escolas envolvendo os pais de alunos, a direção da escola e representantes da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e da Companhia de Policiamento Escolar (Cipoe) da Polícia Militar.
O professor demonstrou tristeza e preocupação com a situação. A partir de sexta voltam as aulas normais em todos os turnos na escola Cornélio Barros.
ALUNO ALEGA ‘BRINCADEIRA’
Sobre as supostas ameaças ocorridas nesses últimos dias, a Seduc informou que sempre atua na identificação do aluno e primeiro faz um diagnóstico social com ele. No caso da escola Professor Cornélio de Barros, a Seduc esclareceu que a Cipoe foi chamada ainda na quarta à escola e que “o aluno afirmou que se tratava de uma brincadeira”.
A Seduc confirmou esta quinta-feira que a direção da escola registrou um Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia da Marambaia. A Seduc também informou que a direção realizou uma reunião com os pais e professores para tranquilizar a todos. Segundo confirmou a secretaria de educação, as aulas suspensas nesta quinta serão retomadas efetivamente nesta sexta (7). A Seduc disse também que a escola ainda avalia o caso, para decidir quais medidas tomará em relação ao estudante que supostamente ameaçou a escola.
Escola na Marambaia: bomba supostamente a ser detonada e ameaças a alunos e professores (reprodução)
AMEAÇAS
Ouvida pela reportagem da redação integrada de O Liberal, a Polícia Militar esclareceu que na última terça (5) a diretora da instituição solicitou a presença da Cipoe, denunciando que alunos a informaram que um dos estudantes teria ameaçado tirar a vida de colegas e professores utilizando uma bomba.
Militares da Companhia estiveram no local e conversaram com o suspeito, que é maior de idade. “Ao ser ouvido, ele informou que as ameaças de atentado foram apenas uma brincadeira”.
Ainda segundo a PM, e de acordo com relatos de outros estudantes, o aluno que supostamente fez as ameaças chegou a entregar um croqui a uma colega de turma com informações de como seria o ataque. O croqui tinha marcações de rotas de fuga e outras informações.
Contudo, os policiais militares que realizaram buscas junto ao aluno não encontraram nada em seu poder que pudesse colocar em perigo a integridade dos estudantes e professores – ou que ainda configurasse crime. A diretora da escola foi orientada a registrar um BO em uma Delegacia de Polícia Civil.
TRANSFERIDO E SOB ATENDIMENTO
A Seduc informou que o outro aluno a fazer ameaças recentes a um estabelecimento de ensino – o caso registrado na semana passada, na Escola Erotildes Frota Aguiar, no Júlia Seffer – foi transferido para outra unidade de ensino. Ele está recebendo acompanhamento psicossocial.
“Do ponto de vista judicial, foi aberto um inquérito para apurar o caso, mas é algo que não cabe à Seduc interferir. São cinco psicólogos que realizam esse trabalho”, detalhou a secretaria de educação.
O aluno é maior de idade e foi ouvido na Delegacia do conjunto Júlia Seffer. Ele negou o suposto plano de matar colegas, alegando que tudo foi uma brincadeira. Ainda assim, o jovem estudante foi indiciado por crime de ameaça – uma vez que postou uma foto em rede social, com uma arma de brinquedo. Ele vai responder na Justiça. As ameaças causaram pânico na comunidade escolar. Veja:
“A imagem foi compartilhada por outros estudantes, dando origem aos relatos de atentado na escola, o que não ocorreu”, disse a Seduc, ressaltando que, ainda de acordo com informações obtidas no ambiente escolar, dias antes o estudante se dirigiu a uma de suas professoras em tom de ameaça.
Segundo o suspeito, a arma que aparece nas imagens tratava-se de um simulacro de arma de fogo. O objeto não foi encontrado com ele no momento da detenção e os pais do estudante foram acionados para comparecerem à delegacia. Lá prestaram depoimento ao lado de representantes da escola, que também foram ouvidos. O caso segue sob responsabilidade da Polícia Civil.
“A imagem foi compartilhada por outros estudantes, dando origem aos relatos de atentado na escola, o que não ocorreu”, disse a Seduc, ressaltando que, ainda de acordo com informações obtidas no ambiente escolar, dias antes o estudante se dirigiu a uma de suas professoras em tom de ameaça.
Segundo o suspeito, a arma que aparece nas imagens tratava-se de um simulacro de arma de fogo. O objeto não foi encontrado com ele no momento da detenção e os pais do estudante foram acionados para comparecerem à delegacia. Lá prestaram depoimento ao lado de representantes da escola, que também foram ouvidos. O caso segue sob responsabilidade da Polícia Civil.
Escola Erotildes Frota, na Marambaia: pânico e aulas paradas (Fábio Costa)
‘PAZ NA ESCOLA’
Frente ao crescimento de situações como essas, a Seduc esclareceu que vem agindo apenas sob o ponto de vista pedagógico. Segundo a secretaria, a rede pública estadual mantém o projeto Paz na Escola, onde o problema da violência é abordado em oficinas, palestras, ciclos de formação e também em salas de aula – como tema transversal extracurricular. “O desenvolvimento dessas ações ocorre o ano todo em todas as escolas da rede”, diz a Seduc.
A secretaria de educação também diz que mantém ciclos temáticos como a Semana de Combate à Violência Contra a Mulher, além de programações contra a homofobia e o bullyng. A meta seria a “construção de territórios da paz nas escolas” e o fortalecimento das relações “entre aluno e professor e aluno e aluno”.
A Seduc diz que considera o combate à violência nas escolas um reflexo do panorama social no Brasil, marcado pelo que chama de “desestruturação” familiar. “Por isso, em todas as atividades pedagógicas os familiares são sempre convidados a participar”. A Seduc afirmou ainda que “a segurança física dos alunos e das escolas” é um desafio que cabe à Polícia Militar.
ATENDIMENTOS ESCOLARES
Ouvida pela redação integrada de O Liberal, a Polícia Militar informou que o atendimento às ocorrências escolares é realizado, prioritariamente, pela Companhia de Policiamento Escolar – criada há 28 anos para atuar em rondas escolares realizadas diárias na Região Metropolitana de Belém.
Os atendimentos emergenciais são voltados também a escolas particulares, cursinhos e outros – tanto em situações de urgência quanto também com palestras e seminários sobre variados temas de interesse da comunidade escolar.
O QUE FAZER EM CRISES NA ESCOLA?
Confira orientações da Cipoe em casos de emergência:
– Acione sempre a PM, pelo fone 190;
– Em caso de denúncias, ligue para o 181;
– É importante que a rotina escolar não seja alterada pelo fato ocorrido;
– Atenção à divulgação de informações falsas ou de procedência duvidosa;
– Pais ou responsáveis de alunos suspeitos de qualquer ato infracional devem ser imediatamente acionados;
– Os casos devem ser levados ao Conselho Tutelar ou Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Data);
– A Cipoe ajuda a elaborar um Plano de Segurança Escolar;
– O plano é ferramenta auxilia a comunidade escolar a identificar e lidar com problemas;
– Com isso, a Polícia Militar dá apoio à busca de soluções para todas as questões.