De janeiro a julho deste ano o Pará registrou 17.182 casos de malária, a maioria nas regiões do Baixo Tocantins, Marajó II e Tapajós. Os números representam uma redução de 37% em relação ao mesmo período de 2018, mas, a meta do Estado é elevar essa marca para 75% até 2023. O objetivo segue a mesma diretriz do compromisso internacional assumido pelo Brasil em 2015, de reduzir a mortalidade e incidência da doença em 90%, e a eliminação da malária em 35 países.
Para garantir esse desempenho é fundamental garantir tratamento oportuno em 70% das ocorrências até 48 horas a partir do início dos sintomas, para os casos autóctones (ou seja, que têm origem no local onde se encontram ou onde se manifestam) e, em até 96 horas, para os episódios importados, como estabelece a portaria 1.520 do Ministério da Saúde, de maio de 2018. E é por conta dessas medidas que o Pará tem conseguido reduzir a incidência e a mortalidade da doença nos últimos anos.
De acordo com o coordenador do Programa Estadual de Controle de Malária (PECM), Cláudio Cardoso, para que esse cenário avance nos próximos quatro anos e a meta proposta seja atingida, as ações em parceria com os municípios devem continuar e com foco no controle permanente. “Até o momento, temos 17.182 casos de malária confirmados em 2019, com quatro óbitos, por isso, a vigilância tem que ser constante”, disse o coordenador estadual.
A intervenção foi feita durante a 10ª Avaliação do Programa de Controle da Malária no Estado do Pará, realizada nesta terça-feira (27), no Hotel Beira Rio, em Belém, com a participação de gestores e profissionais da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), das secretarias municipais de Saúde e do Ministério da Saúde. O objetivo da programação é avaliar e medir as ações desenvolvidas pelo municípios considerados prioritários, além de pactuar ações conjuntas para aqueles que têm dificuldades estruturais para tal.
O diretor de Controle de Endemias da Sespa, Jorge Andrade, informou que o órgão garante esse apoio junto aos serviços locais de saúde, para diagnóstico e tratamento oportuno e imediato, com testes rápidos de malária; doação de microscópios, veículos e embarcações; instalação de unidades de diagnóstico; fortalecimento da vigilância com ações de força-tarefa, supervisões assessoradas e controle de qualidade; capacitação de recursos humanos; educação em saúde, comunicação e mobilização social; controle seletivo de vetores e trabalhos de pesquisa em parceria com o Laboratório Central do Estado e Instituto Evandro Chagas (IEC).
Jorge também sugeriu aos gestores municipais que envolvam os agentes comunitários de saúde nas ações de controle da malária. “É um profissional que pode ajudar muito na identificação de casos da doença na comunidade, propiciando o diagnóstico e tratamento oportuno e imediato, já que mais de 90% das notificações não têm sido feitas por ACSs”.
Diagnóstico Precoce
Presente à reunião de avaliação, o coordenador nacional do Programa de Controle da Malária do Ministério da Saúde, Cássio Peterka, reconheceu a iniciativa do Estado ao adotar a ideia do “Pará sem Malária” e reforçou a importância do diagnóstico precoce como principal meio de controle e eliminação da doença.
Também destacou a importância da vigilância epidemiológica constante após o controle da doença em cada localidade, com ênfase em uma investigação precisa para saber onde o indivíduo se infectou. “Acabar com o vetor não é a solução, a forma mais eficaz é tratar as pessoas, porque é nelas que está a maior quantidade de plasmódio e não no mosquito. Assim, a gente evita que o doente infecte mais mosquitos transmissores da malária”, explicou.
O coordenador nacional ressaltou que as ações de controle precisam ser trabalhadas de forma intersetorial, envolvendo outras áreas da gestão, porque é uma doença que tem fatores socioeconômicos. “Ninguém deve morrer de malária, tem que identificar onde estão ocorrendo os episódios. Os próximos quatro anos são fundamentais para a retomada da redução de casos”.
Com informações da Agência Pará