sexta-feira, 19 de abril de 2024

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PF já abriu 5 inquéritos em dois anos para investigar ameaças a Jean Wyllys

A Polícia Federal (PF) afirma que abriu, em Brasília, cinco inquéritos, entre 2017 e 2018, para investigar as ameaças ao deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ). O parlamentar do Rio encaminhou para a PF cópia de e-mails que recebeu com ameaças à vida dele e de familiares.

Nesta quinta-feira (24), Jean Wyllys anunciou que não tomará posse do novo mandato, que se iniciaria em fevereiro, e que decidiu deixar o Brasil definitivamente. Ele afirmou que tomou a decisão por ser alvo de constantes ameaças de morte e de conteúdo falso na internet.

Segundo a assessoria do deputado, Jean Wyllys está no exterior, mas o local não será informado por questão de segurança.

Homossexual assumido, o deputado do PSOL tinha como principais bandeiras pautas relacionadas às causas LGBT e para minorias.

Ele comentou a decisão em uma rede social nesta quarta: “Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração. Axé!”

Os policiais federais investigam quem seriam os envolvidos nas mensagens e apura se as ameaças, que ocorreram entre 2017 e 2018, poderiam ser concretizadas. A PF não informa o conteúdo das investigações e nem o estágio de cada uma delas.

Entre os e-mails enviados por Jean Wyllys à PF estão mensagens com ameaças a ele e a família dele:

“Sua mãe já estava na linha e seria morta antes de 1º de fevereiro”.
“Aquelas câmeras de segurança que você colocou não fazem nenhuma diferença e nós estávamos monitorando sua mãe e seu irmão”.

Em outra mensagem encaminhada à PF, de março de 2017, o autor diz “matar você seria um presente” e “você pode ser protegido por ser deputado federal mas sua família não”.

Em setembro de 2017, Jean Wyllyes recebeu outro e-mail com ameaças: “Depois de matar toda a sua família, eu vou fabricar 2 000 kg do agente detonante ANFO e vou deixar uma van parada na porta da Câmara dos deputados em Brasília no dia que você estiver lá”.

Assassinato de Marielle

De acordo com a assessoria de Jean Wyllys, o volume de ameaças contra o deputado aumentou após o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), em março do ano passado.

Ainda segundo a assessoria, desde então, o parlamentar precisava andar de carro blindado e com escolta de seguranças armados.

“Aumentou a situação de violência, de seguidores do atual presidente [Jair Bolsonaro] que fazem todo tipo de xingamento e ameaças nas redes sociais. Isso criou uma situação cada vez mais difícil. Antes do assassinato da Marielle, ele já vinha recebendo ameaças muito pesadas, inclusive direcionadas não só a ele, mas também à família. E-mails falando endereço da mãe, endereço da irmã, da família”, informou a assessoria do parlamentar do PSOL.

Relembre a trajetória de Jean Wyllys na Câmara
Na Câmara dos Deputados, Wyllys era alvo constante de provocações por parte dos colegas parlamentares e, durante as sessões no plenário e nas comissões, chegou a bater boca diversas vezes com adversários.

O episódio mais polêmico ocorreu durante a votação da abertura do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em 2016. Wyllys cuspiu no então deputado Jair Bolsonaro e foi punido pelo Conselho de Ética da Câmara com uma censura por escrito.

À época, Jean Wyllys disse ao jornal “O Globo” que havia cuspido em Bolsonaro porque, após votar contra o prosseguimento do impeachment, Bolsonaro o insultou.

Depois da decisão do Conselho de Ética, Wyllys soltou nota em que afirmava que cuspiu porque teve “uma reação espontânea, humana, contra os xingamentos e agressões que há anos” recebia na Câmara em razão da sua orientação sexual e posições políticas. “O grau de violência, desrespeito e ofensas que recebo desde que estou deputado é intolerável”, dizia a nota.

O mesmo fato gerou outras duas representações do PT no Conselho de Ética, contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-SP).


A primeira representação acusava Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro de ter revidado o cuspe dado em seu pai ao cuspir de volta em Jean Wyllys. A segunda dizia que ele havia editado e divulgado um vídeo que dava a entender que o deputado do PSOL havia premeditado o cuspe e não que tivesse sido uma reação. Ambos os processos acabaram arquivados.

 

Fonte: G1