PGR denuncia Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas ao STF por tentativa de golpe

Além de Jair Bolsonaro, foram indiciados o candidato a vice dele nas eleições de 2022, general Braga Netto, militares de alta patente e assessores da gestão do ex-presidente. Todos vão responder por tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado, organização criminosa, dano qualificado contra patrimônio da união e deterioração de patrimônio tombado.
Com a retirada de todos os sigilos das investigações que já avançaram e foram tornadas públicas, o ex-presidente Jair Bolsonaro é posto no centro de uma trama golpista para permanecer no poder e evitar a posse de Lula até com uso de força letal caso necessário (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil / Arquivo)

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, concluiu o relatório final sobre as investigações de um plano para um possível golpe de estado após as eleições de 2022. E assim fez a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite desta terça-feira (18). O principal líder da direita brasileira é acusado de tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado, organização criminosa, dano qualificado contra patrimônio da união e deterioração de patrimônio tombado.

Com a denúncia, Bolsonaro e os demais citados no relatório da PGR passam da condição de suspeitos para a de acusados. Caso a denúncia seja acatada pelo STF, se tornarão réus e vão enfrentar o primeiro processo da história em que militares de alta patente serão julgados pela justiça comum. Entre os denunciados está o candidato a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022, o general Walter Braga Netto. Por ora, isso não significa prisão dos acusados.

A denúncia ocorre após o fim das investigações da Polícia Federal, que apontaram a materialidade da tentativa de golpe de estado para manter Jair Bolsonaro no poder, mesmo com a vitória de Lula (PT) nas eleições de 2022, com uso de força letal se fosse necessário. As investigações revelaram planos para matar o petista, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF. A PF vinha investigando o plano, chamado de “Punhal Verde e Amarelo”, desde 2023.

“Os membros da organização criminosa estruturaram, no âmbito do Palácio do Planalto, plano de ataque às instituições, com vistas à derrocada do sistema de funcionamento dos Poderes e da ordem democrática, que recebeu o sinistro nome de ‘Punhal Verde Amarelo’. O plano foi arquitetado e levado ao conhecimento do Presidente da República, que a ele anuiu , ao tempo em que era divulgado relatório em que o Ministério da Defesa se via na contingência de reconhecer a inexistência de detecção de fraude nas eleições”, diz o texto de Paulo Gonet.

Foram identificados 6 núcleos na organização, que iam de descredibilizar o sistema eleitoral, espalhar notícias falsas e até o núcleo de “medidas coercitivas”. Pelo Código Penal Brasileiro, a pena para Golpe de Estado é de 4 a 12 anos de prisão. Para Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito é de 4 a 8 anos de prisão. Integrar Organização Criminosa resulta em penas de 3 a 8 anos de prisão. Somadas as penas, caso Bolsonaro seja preso, pode pegar até 34 anos de prisão.

Alguns dos denunciados já estão presos por conta de provas em outras etapas das investigações. Um dos principais é o coronel Mauro César Barbosa Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro enquanto ele foi presidente do Brasil. Parte considerável dos inquéritos se baseia na delação premiada do militar.

Pelo texto da denúncia da PGR, Bolsonaro sabia do plano para matar Lula e teria concordado. E ainda segundo o texto do procurador Paulo Gonet, o ex-presidente já adotava uma postura de “ruptura com a democracia” desde 2021.

Veja quem são todos os denunciados além de Jair Bolsonaro:

  1. Alexandre Rodrigues Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin e deputado federal
    Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.
  2. Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marina
    Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.
  3. Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça
    Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.
  4. Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
    Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.
  5. Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
    Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.
  6. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
    Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.
  7. General Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa, ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro
    Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.
  8. Ailton Gonçalves Moraes Barros
  9. Angelo Martins Denicoli
  10. Bernardo Romão Correa Netto
  11. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
  12. Cleverson Ney Magalhães
  13. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
  14. Fabrício Moreira de Bastos
  15. Filipe Garcia Martins Pereira
  16. Fernando de Sousa Oliveira
  17. Giancarlo Gomes Rodrigues
  18. Guilherme Marques de Almeida
  19. Hélio Ferreira Lima
  20. Marcelo Araújo Ormevet
  21. Marcelo Costa Câmara
  22. Márcio Nunes de Resende Júnior
  23. Mario Fernandes
  24. Marília Ferreira de Alencar
  25. Nilton Diniz Rodrigues
  26. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
  27. Rafael Martins de Oliveira
  28. Reginaldo Vieira de Abreu
  29. Rodrigo Bezerra de Azevedo
  30. Ronald Ferreira de Araujo Junior
  31. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
  32. Silvinei Vasques (ex-diretor geral da PRF)
  33. Wladimir Matos Soares

(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)


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