O Projeto Enfrentamento e Controle da Obesidade no Âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde) no Estado do Pará, financiado pelo Ministério da Saúde e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vai contribuir para a implantação da Linha de Cuidado do Sobrepeso e Obesidade (LCSO) no Estado.
Os objetivos do Projeto, que tem apoio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), são realizar diagnóstico da organização da Gestão e da Atenção Nutricional nos municípios paraenses e qualificar as ações de gestão e atenção à saúde que irão compor a LCSO do Pará.
A apresentação do Projeto aos secretários municipais de Saúde foi feita pela nutricionista Rosilene Reis, professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), no dia 18 de fevereiro, durante a reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), no Hotel Princesa Louçã, em Belém.
Segundo a nutricionista e coordenadora Estadual de Nutrição, Rahilda Tuma, a LCSO tem a finalidade de organizar o fluxo de atenção básica e de média e alta complexidade aos pacientes com sobrepeso e obesidade, o que vem sendo feito desde 2019, por meio de um grupo de trabalho específico para isso.
A LCSO preconiza que as ações de Atenção Básica em Saúde (ABS) são de responsabilidade dos municípios, sendo responsabilidade do estado, por meio do SUS, garantir a oferta qualificada e em tempo oportuno do cuidado na média complexidade (especialidades e centros de referência) e na alta complexidade (atenção hospitalar, clínica e cirúrgica). As linhas de cuidado representam uma forma de articulação de recursos e práticas de produção de saúde entre as unidades de atenção de uma região de saúde, abrangendo ações de prevenção e tratamento.
Conforme Rahilda Tuma, paralelamente às providências para a criação de pontos de atenção que o estado não dispõe na média complexidade, é necessário qualificar o trabalho de gestores e profissionais para garantir um adequado fluxo de referência e contrarreferência; garantir a oferta de serviço de alto padrão técnico, com base em evidências científicas e utilizando as informações e tecnologias mais atuais nessa área. “E é exatamente nesse ponto que o Projeto apresentado na CIB tem o papel relevante de qualificar o trabalho de gestores e profissionais da Atenção Básica em Saúde para que possam atuar na LCSO de forma eficiente e eficaz”, explicou a coordenadora estadual.
Dados preocupantes – Rahilda Tuma disse, ainda, que a Linha de Cuidado do Sobrepeso e Obesidade é fundamental para reverter a situação epidemiológica atual da população. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 33,22 % da população paraense adulta têm sobrepeso; 12,34% estão com obesidade em grau I; 3,34% em grau II e 1,1% em grau III.
Conforme dados de 2018 da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), 55,7% da população adulta do Brasil estão com excesso de peso e 19,8% estão obesos. Dados do Vigitel mostram, ainda, que 7,7% da população adulta apresentam diabetes e 24,7%, hipertensão – doenças que podem estar relacionadas à obesidade.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2013, indica que dentre os adultos com diabetes, 75,2% têm excesso de peso e, entre os adultos com hipertensão, 74,4% têm excesso de peso. Os dados foram comentados pelo Ministério da Saúde, no dia 4 de março – Dia Mundial da Obesidade.
Diagnóstico e capacitação – De acordo com a nutricionista Aldair Guterres, coordenadora do Projeto pela UFPA, no primeiro momento será feita uma pesquisa por meio de questionário, que deve ser respondido por nutricionistas e outros profissionais da atenção primária, responsáveis pelas ações de vigilância nutricional nos 144 municípios paraenses. “Com essa pesquisa teremos o diagnóstico de como essas ações vêm sendo realizadas no Pará”, informou Aldair Guterres.
Já a segunda etapa do Projeto consiste na realização de dois tipos de capacitação, uma com carga horária de 80 horas, destinada aos gestores municipais, e outra com carga horária de 180 h, voltada aos profissionais da área de atenção nutricional. Os cursos serão oferecidos a partir de abril deste ano, nos polos de Belém, Capanema, São Miguel do Guamá e Altamira, abrangendo 529 pessoas dos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 8º, 10º e 13º Centros Regionais de Saúde.
A capacitação dos gestores abordará temas como “Gestão com foco na promoção da saúde na Atenção Primária à Saúde”; “Políticas Públicas”; “Uso das informações na saúde: sistemas de informação e saúde e inquéritos”; “Liderança e construção de advocacy para o fortalecimento da promoção da saúde na atenção nutricional no SUS”; “Participação e Controle Social no fortalecimento da PNAN, PNAP e PNPS” e “Diagnóstico da organização da gestão e da Atenção Nutricional”.
Já a capacitação para os profissionais abordará: “Promoção da Alimentação Adequada e Saudável”; “Prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade”; “Práticas corporais e integrativas e complementares da Matriz de Atenção Nutricional”; “Organização da Atenção Nutricional”; “Abordagem Comportamental” e “Abordagens coletivas inovadoras, participativas e efetivas”. “A Sespa vai acompanhar as oficinas em todos os municípios”, acrescentou Aldair Guterres.
Contrapartida – Ela informou, ainda, que para a realização do Projeto a contrapartida dos municípios será a liberação dos participantes, que devem também ter garantia de hospedagem, alimentação e transporte, enquanto a Sespa, por meio dos CRS, providenciará local e equipamentos necessários para as capacitações.
Além da Sespa, Ministério da Saúde, UFPA e CNPq, participam do Projeto Enfrentamento e Controle da Obesidade no Âmbito do SUS no Estado do Pará a Universidade da Amazônia (Unama), Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau), Faculdade Integrada Brasil Amazônia (Fibra), Escola Superior da Amazônia (Esamaz), Faculdade Metropolitana da Amazônia (Famaz), Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FHCGV), Hospital Jean Bitar (HJB), Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA), Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS), Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) e Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma).
Fonte: Agência Pará