O fim do ano é tradicionalmente um período de aumento do consumo, impulsionado pelo Natal, pelas férias e pela circulação do 13º salário. Esse movimento costuma abrir espaço para que muitas pessoas complementem a renda com trabalhos pontuais. Artesanato, encomendas de confeitaria, serviços de beleza, revenda de produtos e pequenas produções domésticas aparecem entre as principais atividades buscadas por quem tenta aproveitar a sazonalidade do mercado.
Dados do Dieese Pará apontam que, no último trimestre de 2025, cresceu o número de trabalhadores por conta própria e na informalidade, especialmente nos setores de varejo, alimentação e serviços. A maior circulação de dinheiro impulsionada pela COP30 em Belém, pelos eventos do período e pelas festas de fim de ano ampliou a demanda temporária e estimulou a abertura de novos empreendimentos. Embora haja criação de vagas formais, o movimento mais forte do trimestre vem das iniciativas individuais e da busca por renda extra.
Um exemplo desse movimento é o da artesã Adriana Lordello, participante do mulheres empreendedoras e empoderadas, promovido pela Estácio, em parceria com o instituto Yduqs. Ela encontrou no período natalino uma oportunidade de transformar habilidades manuais em renda extra. Ela atua com decoração natalina por aluguel, um modelo que tem ganhado espaço por oferecer economia, praticidade e renovação estética a cada ano. Adriana começou a produzir as peças ainda em setembro e abriu um showroom na própria casa para atender a clientela.

“A procura começou em outubro, quando abri o showroom. Este ano de 2025 foi e está sendo proveitoso em relação aos demais”, conta. Para ela, a locação se tornou atrativa pela combinação entre economia e variedade. “A população está mais consciente no sentido de economia e ter novidades a cada ano. Podendo mudar o tema e as cores sem ter que gastar tanto. Fora não ter lugar para guardar toda a decoração”, explica.
Para quem decide iniciar um pequeno negócio apenas no período natalino, a organização financeira é o primeiro passo para garantir que a iniciativa seja viável. É o que explica a professora da Faci Wyden e especialista em finanças Samara Felipe, que recomenda atenção à definição do produto, do público e dos recursos disponíveis antes de começar.
“Eu costumo resumir esse início em três passos principais. O primeiro é definir o produto ou serviço e identificar se existe um público-alvo real. Depois, é preciso avaliar o recurso disponível: esse investimento compromete sua renda? Você precisa de retorno imediato?
Vai usar poupança, empréstimo ou capital próprio? Entendendo o que você quer vender, como vai financiar e como espera o retorno, aí sim você parte para a produção.”

Com a proximidade do Natal, produtos como panetones artesanais, tortas, lembrancinhas personalizadas e kits de presente ganham destaque, mas segundo a especialista, o entusiasmo não pode dispensar o planejamento especialmente na hora de precificar.
“Calcular o preço é quase uma receita de bolo. Primeiro, você precisa entender quanto gasta para produzir. Se custou R$ 100, você não pode vender por R$90. Organização é essencial: guardar notas, buscar orçamentos mais baratos e considerar até o seu tempo na produção. Depois vem a pesquisa de mercado para entender a concorrência. O importante é controlar os custos e acrescentar o percentual de lucro, sempre consciente do mercado em que você está inserido.”
Outro cuidado fundamental é não misturar as finanças pessoais com as do negócio, mesmo que a atividade seja temporária.
“Os cuidados administrativos são essenciais. O primeiro é não misturar o dinheiro pessoal com o dinheiro do negócio. Isso permite saber se existe lucro, prejuízo ou se é necessário mudar de produto. E mesmo sendo algo pontual, se você contratar alguém para ajudar, é importante formalizar a prestação de serviço e pagar os impostos. A informalidade pode gerar passivo trabalhista no futuro.”
A combinação entre maior circulação de dinheiro, consumo sazonal e oportunidades temporárias leva muitos empreendedores a perceber que existe espaço para transformar a renda extra em atividade permanente.
“Se você mantiver seus controles em dia, vai entender se o produto é realmente rentável e se existe demanda. Às vezes, aquilo que começou como algo esporádico pode virar um micro empreendimento. Aí o ideal é desenvolver um plano de negócios, com planejamento de marketing, financeiro e definição de responsabilidades”, afirma Samara.
O Dieese reforça que, nos últimos meses, atividades ligadas à economia criativa, gastronomia e serviços domésticos têm ganhado força, impulsionadas pelas festas, pelo turismo e pelo calendário de eventos. Para muitos brasileiros, esse cenário representa não apenas uma oportunidade temporária, mas também a chance de fortalecer novos caminhos profissionais.
(Da Redação do Fato Regional, com informações da Eko Comunicação).
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