Com o objetivo de aproximar o público da realidade e da potência da sociobioeconomia amazônica, a Associação de Sociobioeconomia da Amazônia (Assobio) lançou o primeiro de uma série de roteiros imersivos que revelam, na prática, como é possível produzir com a floresta em pé.
O lançamento aconteceu durante a Semana do Clima da Amazônia, realizada recentemente em Belém (PA). A estreia do projeto foi no último dia 18, com uma visita guiada ao Sítio da Cruz – Chocolate Regional, em Ananindeua, na Região Metropolitana da capital paraense.
No local, os participantes puderam acompanhar todas as etapas da produção artesanal do chocolate amazônico: desde o cultivo do cacau nativo em sistemas agroflorestais até a transformação do fruto em deliciosas barras, com direito à degustação e bate-papo com os produtores.
Um sistema vivo, coletivo e sustentável
O Sítio da Cruz é um exemplo concreto de que é possível conciliar produção agrícola com conservação ambiental em áreas urbanas, integrando diversidade de espécies, saberes tradicionais e inovação tecnológica.
“Queremos mostrar como a sociobioeconomia funciona na prática, conectando as pessoas à história, ao conhecimento ancestral e ao sabor do cacau nativo – tudo isso a poucos quilômetros do centro de Belém”, explica Tainah Fagundes, coordenadora de projetos e conselheira da Assobio.
Segundo ela, a experiência sensorial é essencial para que o público compreenda o valor não apenas do produto final, mas de toda a cadeia produtiva que o sustenta. “O chocolate regional que nasce ali é fruto de um sistema vivo, coletivo, afetivo e sustentável”, resume.
A condução da visita ficou por conta de Luana Machado, funcionária do sítio, moradora de um quilombo em Moju, nordeste do Pará, e também produtora de chocolate artesanal. Para ela, a experiência é, acima de tudo, uma valorização cultural.
“A gente planta, colhe, torra, mói e transforma. Poder mostrar isso a outras pessoas e ver que elas gostam do resultado é um orgulho imenso”, afirma.

Roteiros até a COP-30
O roteiro ao Sítio da Cruz é o primeiro de uma série de 11 experiências planejadas pela Assobio até a realização da COP-30, que acontecerá pela primeira vez em uma cidade da Amazônia, em 2025.
“Estamos construindo roteiros que mostram a potência da bioeconomia amazônica, sempre valorizando as comunidades tradicionais, a inovação sustentável e a preservação ambiental. A floresta em pé pode, sim, gerar desenvolvimento para quem vive nela”, destaca Tainah.
Ela reforça que os roteiros não são apenas turísticos, mas educativos e transformadores. “Eles têm sabor, têm história, têm técnica. E, sobretudo, têm gente. É uma resposta concreta à crise climática: produzir sem destruir, cuidar e compartilhar os saberes da floresta com o mundo”.
A iniciativa tem o apoio do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), e da Fundação Amazônia Sustentável (FAS).
Vending machine amazônica
Durante a mesma semana, a Assobio também lançou a primeira vending machine com produtos da sociobioeconomia regional. Instalada inicialmente em frente ao Teatro Maria Sylvia Nunes, na Estação das Docas, em Belém, a máquina reúne cerca de 30 itens – entre chocolates, castanhas, cosméticos e acessórios – produzidos de forma sustentável por empreendedores locais.
A proposta é facilitar o acesso a esses produtos, promovendo a economia da floresta entre moradores e turistas. Até outubro, novas máquinas serão distribuídas em pontos estratégicos da capital paraense.
Vitrine itinerante
Outra iniciativa em andamento é a Vitrine Assobio: um espaço itinerante de exposição e venda de produtos dos associados da rede, como gin com jambu, molho de tucupi, chocolates, granolas de tapioca, cosméticos e acessórios.
As vitrines fazem parte da estratégia de comunicação da associação para ampliar o reconhecimento da sociobioeconomia amazônica no Brasil e no exterior, mostrando que conservar a floresta pode, sim, gerar renda, identidade e inovação.
Conheça a Assobio
Com 132 associados espalhados pela Amazônia Legal, a Assobio representa pequenos e médios negócios que atuam com responsabilidade ambiental, social e econômica.
A rede apoia diretamente mais de 87 mil pessoas em cerca de 50 mil hectares de floresta, promovendo uma economia que respeita os territórios e os modos de vida amazônicos.
A missão da associação é clara: fomentar negócios sustentáveis que aliam conservação da biodiversidade, geração de renda e valorização das culturas locais.
(Da Redação do Fato Regional, com informações da Assessoria de Imprensa Assobio).
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