São Félix do Xingu, no Sul do Pará, completou 63 anos nesta quinta-feira, 10 de abril. A data marca a instalação oficial e emancipação de uma terra altamente produtiva para a agropecuária, que atualmente representa 7% do território do estado (3º maior). Desde os primórdios, a cidade tem uma história ligada a um povo trabalhador, com o encontro de pessoas e culturas que passaram por diferentes momentos do desenvolvimento econômico do país.
Há poucas obras dedicadas a contar a história de São Félix do Xingu. Apesar do nome baseado num humilde santo católico da ordem dos Capuchinhos e dono de uma fé incontestável, grande parte da população atual, de mais de 65 mil habitantes, se identifica como evangélica. Por sinal, uma das grandes polêmicas dos últimos anos é a quantidade de pessoas, que caiu cerca de 50% entre os censos de 2010 e 2022. Algumas autoridades discordam do IBGE.

Além de 3º maior do Pará, é o sexto maior território municipal do Brasil. Mais de 70%, é composto de áreas protegidas, sendo 51,9% de terras indígenas, 20,6% em unidades de conservação e 3,7% são considerados assentamentos federais. São cerca de 23 mil km² ocupados e isso representa três vezes Região Metropolitana de São Paulo. Aproximadamente 90% das áreas economicamente utilizadas são voltadas à atividade agropecuária.
Desde o começo, a história econômica está ligada ao agro e à mineração. Tanto que o distrito da Taboca – o maior dos 8 distritos e 29 vilas – ganhou esse nome por conta do projeto “Mineração Taboca”. Inicialmente, o foco era na borracha, depois passou para a extração de castanhas e jaborandi. Progressivamente, a agropecuária formal ganhou força e hoje o município tem o maior rebanho bovino do Brasil, com mais de 25 milhões de cabeças de gado.

Após viver uma crise de desmatamento entre 2001 e 2008, com a expansão do agro, São Félix do Xingu, afirma o historiador Diego Pereira, vem se recuperando e mostrando vocação de preservação. A cidade vive um experimento da bioeconomia com o investimento na cacauicultura orgânica, apicultura e outras atividades que estão reflorestando a rica biodiversidade xinguense e gerando emprego e renda. E assim, segue a história de uma cidade fundada por um povo trabalhador.
Origens políticas e história da emancipação de São Félix do Xingu
Com o aumento da demanda por borracha, durante o período da Primeira Guerra Mundial, vários povos nordestinos começaram a migrar em busca de trabalho. Rapidamente, um entreposto comercial se instalou visando esse aumento de demanda e ocupação e uma comunidade começou a ser formar. Era o embrião de São Félix do Xingu.
Com a chegada de Dom Eurico, em 1920, foi fundada a igreja da cidade. Por terra, à época, havia acessos apenas para Conceição do Araguaia. Cada vez mais migrantes nordestinos chegavam, os que futuramente foram conhecidos como “soldados da borracha”. O religioso é um dos dois autores mais conhecidos a registrar a história da cidade em livro. O outro foi o agropecuarista Isaac Fernandes, que segue pesquisando, estudando e contribuindo.

Pelas obras de Isaac e Dom Eurico, politicamente, São Félix do Xingu foi criado em 1955, no governo do general Alexandre Zacarias de Assunção, eleito por uma coligação de partidos (UDN-PSP-PL-PSB-PR), que numa acirrada campanha eleitoral venceu o PSD. Inicialmente, a cidade adotou o nome que já vinha sendo usado, de São Félix de Gradaús. Isso devido à divisão leste do território, nos limites de Marabá e Conceição do Araguaia, na cordilheira de Gradaús.
Em 1961, no governo Aurélio Correia do Carmo e Newton Miranda, o município adotou um nome mais próximo às próprias origens e se tornou São Félix do Xingu, devido ao rio Xingu. A nova cidade foi criada no dia 29 de dezembro de 1961, através da Lei Estadual nº 2, 460, publicada no diário oficial do Estado, nº19, 759 do dia 30 de dezembro de 1961. A instalação oficial, no entanto, só ocorreu no dia 10 de abril de 1962.

A instalação definitiva foi executada pelo então vice-governador Newton Miranda, que esteve numa grande comitiva composta de deputados estaduais, secretários de estado do juiz de direito de Gurupá, Dr. Miguel Antunes Carneiro, que se encontrava àquela época respondendo pela Comarca de Altamira. As primeiras eleições para prefeito ocorreram no dia 7 de outubro de 1962.
(VICTOR FURTADO, da Redação do Fato Regional)
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