O Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) questionou em nota divulgada na noite de quarta-feira o protocolo do Ministério da Saúde sobre o uso do medicamento cloroquina nos estágios iniciais do Covid-19 e pediu união entre os três níveis de governo –federal, estadual e municipal– no combate à pandemia do novo coronavírus.
Na nota, os secretários de Saúde afirmam que o próprio protocolo sobre o uso da cloroquina nos estágios iniciais da doença lembra que não há comprovação científica da eficácia do medicamento contra a enfermidade respiratória causada pelo novo coronavírus e diz que o documento é de responsabilidade total do Ministério da Saúde, não tendo sido discutido com Estados e municípios.
“O Conass reafirma sua posição de pautar-se, sempre, pelo respeito às melhores evidências científicas”, afirma a nota. “É sabido, e o mencionado documento assim expressa, que não há evidências científicas que sustentem a indicação de quaisquer medicamentos específicos para o Covid-19. Assim, repousa sobre o médico a responsabilidade da prescrição, conforme já dispôs o Conselho Federal de Medicina.”
A nota questiona ainda por que o Ministério optou por discutir o uso da cloroquina no tratamento do Covid-19 e não outras questões ligadas à pandemia.
“O Conass insiste na importância de se prosseguir com a discussão junto ao gestor federal do SUS (Sistema Único de Saúde) sobre temas que se relacionam diretamente à estratégia de enfrentamento à pandemia de modo tripartite. Por que estamos debatendo a cloroquina e não a logística de distanciamento social? Por que estamos debatendo a cloroquina ao invés de pensar um plano integrado de ampliação da capacidade de resposta do Ministério da Saúde para ajudar os Estados em emergência?”, indaga.
“O entendimento do Conass é o de que precisamos unir forças em um projeto único, pactuado, dialogado com as necessidades de cada região do país, com as dificuldades de cada unidade federativa, bem como das capitais e demais municípios.”
O protocolo sobre uso da cloroquina nos estágios iniciais do Covid-19, divulgado na quarta-feira, atendeu um desejo pessoal do presidente Jair Bolsonaro e aconteceu sob a gestão do ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, após a saída de dois titulares da pasta em um mês em meio a divergências com Bolsonaro sobre o enfrentamento à pandemia.
Fonte: O Liberal, por Reuters