O segundo turno das eleições 2022 com a disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) é a terceira mais acirrada desde o período da redemocratização, perdendo apenas para as eleições dos anos de 2014 e 1989. É o que conclui um levantamento do Pulso com base em pesquisas feitas pelo Datafolha sobre o segundo turno.
A pesquisa do Datafolha divulgada na última quarta-feira, 19, mostra que a distância entre o candidato do PT e do PL caiu para quatro pontos percentuais dando 49% para Lula e 45% para Bolsonaro. No entanto, como a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, os dois estão tecnicamente empatados no limite máximo possível. O empate nessas condições, porém, é considerado improvável.
A ocasião transporta o brasileiro ao cenário bem similar ao de 2014 e 1989, quando três pontos percentuais separavam o primeiro do segundo colocado nas pesquisas. Dilma Rousseff (PT) tinha 46% dos votos totais, que consideram brancos e nulos e indecisos, contra 43% do tucano Aécio Neves em pesquisa divulgada pelo Datafolha no dia 20 de outubro. Foi o primeiro levantamento de segundo turno que a ex-presidente petista, posteriormente reeleita, apareceu numericamente à frente do candidato do PSDB.
Da mesma foma, três pontos percentuais também separavam o ex-presidente Fernando Collor, então do PRN, de Lula em 1989, na primeira eleição direta para presidente da República após a ditadura militar. A pesquisa Datafolha feita a nove dias do segundo turno mostrava Collor com 47% e Lula, 44%, com o diferencial de que este período marcava o período da redemocratização do país e a ‘novidade’ de se ter duas candidaturas que não faziam parte do sistema político anterior.
A cientista política Camila Rocha, doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), conta que, no geral, nunca houve uma virada no segundo turno presidencial e sempre o primeiro colocado no primeiro turno saiu vencedor, como aconteceu com Bolsonaro (2018), Dilma (2014 e 2010), Lula (2002 e 2006) e Collor (1989). Fernando Henrique Cardoso foi o único a ser eleito em um único turno, mas que é sempre possível que ela ocorra uma primeira vez.
“Uma virada é possível, sim. Os níveis de abstenção vão contar muito. Não é porque uma pessoa votou no Lula no primeiro turno que ela necessariamente vai votar de novo. Ela pode não ir votar. Para além disso, há uma parcela de pessoas indecisas. É uma caixa de surpresas, não sabemos o que pode vir daí, é um número razoável de pessoas. Não está nada definido” diz Camila.