quarta-feira, 15 de maio de 2024

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Sem médicos e no meio de uma briga política, Magalhães Barata sofre com a pandemia

Falta de profissionais e embate entre prefeito e vice fazem moradores padecerem sem assistência no município do nordeste paraense
Segundo os moradores, este é o retrato da saúde no município, que só tem piorado com a pandemia da covid-19 (Divulgação)

Como encarar e atravessar a pandemia do novo coronavírus sem médico permanente na cidade para atender a população? É o que vivem os 8.298 habitantes de Magalhães Barata, no nordeste do Pará. Moradores e servidores da área da saúde denunciam que apenas um médico é encarregado do atendimento na cidade – e em dois dias da semana. Nos demais um único enfermeiro atende e prescreve aos pacientes.

Outra reclamação dos moradores é que, na sede da cidade, existem somente três ambulâncias e dois espaços de atendimento à saúde na cidade – um posto do Programa Saúde da Família (PSF) e uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Em todos não há separação de pessoas que estão com outras doenças das que apresentam casos suspeitos e confirmados à covid-19.

“Na sede do município existem um posto do PSF e uma UBS. Tem outro prédio da Estratégia Saúde da Família (ESF) deixado pronto pelo prefeito anterior, mas o atual prefeito resolveu fazer reforma e só promete que vai entregar. Mas os pacientes com diversas doenças são todos misturados nesses espaços e nas três ambulâncias. A farmácia do PSF e da UBS funcionam para dispensação da medicação somente duas horas por dia. Lá ninguém sabe, ninguém viu a pessoa responsável pela farmácia, e isso prejudica muito a população”, afirma uma moradora, que preferiu manter o anonimato.

Mais um empecilho é a falta dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). “Nós, profissionais de saúde, não temos EPIs”, reclama uma servidora na área da saúde pública, que, temendo represálias, preferiu não se identificar. Ela afirma que há servidores temporários com salários atrasados há pelo menos três meses.

Outro questionamento que servidores e moradores fazem é quanto à aplicação dos R$ 859 mil que o município teria recebido por meio do Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus, projeto da Câmara Federal aprovado também pelo Senado Federal, publicado recentemente.

Contraditório

A reportagem contactou com o prefeito, Gerson Miranda Lopes (MDB) para prestar esclarecimentos. Ele pediu para procurar pela assessoria dele. Em nota, esta disse que “são inverdades os relatos de moradores e servidores. Eles têm cunho totalmente político e de desespero da oposição, principalmente da vice-prefeita, que busca juntamente com outros dois vereadores de todas as formas ocupar o lugar do prefeito, que estava doente, mas já está recuperado”.

A vice-prefeita , Yara Bomfim (PL), afirma que “não procede a  informação de que eu (ela) esteja tentando ocupar o lugar do prefeito”. Ainda segundo ela, o fato é que “ele foi internado enquanto o município precisava de direção e não tinha”. A vice-prefeita afirma também que a população levantou a necessidade de haver transferência de cargo, além de um vereador requerer que se cumprisse a Lei Orgânica.

“A verdade é que se o povo estivesse assistido, ninguém levantaria a necessidade do prefeito ser substituído. A verdade é que só o povo sabe o que sente de verdade e a denúncia partiu deles”, diz Bomfim.

MPF e MPPA acompanham o caso 

Várias dessas denúncias foram parar no Ministério Público Federal (MPF) e no Ministério Público do Estado (MPPA). O MPF emitiu documento à Prefeitura de Magalhães Barata no último dia 11. O prazo para resposta ao MPF expirou na última terça-feira (26). Para o MPPA, Magalhães Barata é um dos municípios no Pará que não apresentam transparência com os gastos.


A Lei Federal nº 13.979/2020 dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do novo coronavírus. E, ainda segundo o MPPA, o caso de Magalhães Barata vem sendo acompanhado pelo órgão.

 

 

Fonte: O Liberal