O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, requisitou a abertura de um inquérito contra quatro artistas de um coletivo de rock de Belém, organizadores do evento de punk “Facada Fest”. Os quatro são investigados por supostos crimes contra a honra do presidente Jair Bolsonaro, além de apologia ao homicídio.
Evento chamou atenção por artes explícitas contra Bolsonaro (Paulo Victor Magno)
Membros de bandas como THC, Delinquentes, Filhux Ezkrotuz e produtores do evento, o grupo de artistas foi interrogado nesta quinta-feira (27) na sede da Polícia Federal no bairro o Souza. Em nota, o ministério da Justiça diz que a sua consultoria jurídica apontou a necessidade de investigação. E que cabe agora ao Ministério Público e à Polícia Federal a “elucidação dos fatos e, se for o caso, oferecer ação penal”.
À época do festival, no ano passado, cartazes foram divulgados mostrando Jair Bolsonaro caracterizado como o palhaço Bozo, sendo empalado por um lápis. Em outro, o presidente do Brasil é retratado vomitando fezes sobre uma floresta, com um bigode similar ao nazista Adolf Hitler, de arma na mão. Uma terceira arte mostra Bolsonaro sendo esfaqueado na cabeça. As artes fazem referência ao atentado sofrido por Jair Bolsonaro, enquanto estava em campanha para a presidência.
Moro afirmou no despacho que os cartazes e postagens de redes sociais apresentam “elementos que indicam a prática, em tese, de crime contra a honra do Sr. Presidente da República”. Ele também destacou que as artes fazem “clara apologia ao atentado criminoso sofrido por Jair Messias Bolsonaro durante a campanha eleitoral, que quase tirou a sua vida”.
O festival estava marcado para julho do ano passado —com grupos como Delinquentes, Makina, Surto e Ovo Goro—, mas não aconteceu. Após a arte ser divulgada em tom de crítica pelo deputado federal Éder Mauro e por Carlos Bolsonaro, filho do presidente, os organizadores temeram que o encontro pudesse gerar episódios de violência. Inicialmente marcado para ocorrer no Mercado de São Brás, o evento foi realocado para um bar fechado, mas foi novamente cancelado, após uma intervenção de polícia. Os organizadores, bem como movimentos de esquerda, consideram o caso como censura.
Fonte: O Liberal