sábado, 4 de maio de 2024

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Serviço de telefonia no Pará está atrás no ranking nacional

Falta de fibra ótica é um dos motivos para setor não alcançar patamar estabelecido
Hadassa Lopes mora em Ananindeua e tem dificuldade com serviço de telefonia (Ivan Duarte/ Redação Integrada)

As reclamações sobre dificuldades para usar celular no Pará têm fundamento. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que regula e avalia as operações no Brasil, divulgou levantamento feito este ano, que aponta o Pará com um dos mais baixos índices de cumprimento das metas do Serviço Móvel Pessoal (SMP), relativo aos indicadores de qualidade das empresas de telefonia no país. Junto com o Pará, Acre e Amazonas formam o grupo dos Estados em que as empresas de telefonia menos cumpriram suas metas.

No Pará, entre 70% e 80% delas foram cumpridas, enquanto no Acre e Amazonas, o cumprimento das metas foi de 60% e 70%, respectivamente. Nos outros estados, os percentuais são de 80% a 100%.

Presidente de Tecnologia da TIM Brasil, Leonardo Capdeville informa que os serviços da empresa para a região Norte são os mesmos das outras regiões, a diferença é a logística necessária para que o usuário seja atendido da mesma forma. “O desafio que a gente tem no Norte é que muitas vezes a infraestrutura fixa não chega até os municípios. Ou seja, não há fibra ótica ou rádio para que seja proporcionada a capacidade para que o 4G ou 5G sejam possíveis. O 4G, por exemplo, é um caminho que vai de uma antena até o smartphone. Mas isso não existe se não tem fibra, rádio, se não é atendida toda uma necessidade de transporte. A dificuldade que a gente tem no Norte é que as distâncias são muito longas e a infraestrutura fixa não existe”, justifica.

De acordo com o executivo, um caminho que está sendo buscado é o uso de satélites, para que a ausência de cabos e antenas não seja um empecilho para a utilização dos serviços.

Política de Estado

Para o pós-doutor em Engenharia Elétrica e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Aldebaro Klautau, o poder público deve encarar a questão do acesso à telefonia como política de Estado, já que, segundo ele, “não é eficaz impor apenas às operadoras de telefonia a responsabilidade por ofertar serviço a todos, como parte de obrigações sociais estabelecidas em contratos”.

Em locais do país onde não há nem haverá serviço de nenhuma operadora, para o pesquisador, é necessário que os governantes das diferentes instâncias operem de forma integrada. “Os governos federal e estadual podem se concentrar na conectividade entre municípios, enquanto prefeituras e comunidades concentram-se no enlace (chamado “backhaul”) entre a região afastada e a sede do respectivo município, além do acesso à rede na própria comunidade remota”, sugere. De acordo com Aldebaro Klautau, a principal dificuldade da população amazônida, no campo das comunicações, é a cobertura em áreas afastadas das sedes dos municípios, o que acaba por prejudicar principalmente a população de baixa renda.

A estudante de administração Hadassa Lopes, de 26 anos, apesar de morar na Grande Belém, no município de Ananindeua, bairro da Cidade Nova, utiliza estratégias para que consiga acessar sempre serviços de qualidade. “Eu uso duas operadoras, já que em alguns pontos uma delas não funciona direito. Aqui pegam todas as operadoras sim, mas depende do lugar. Não tenho muita dificuldade em ter acesso aos dados, por exemplo, por utilizar duas operadoras. Às vezes tenho problema em completar ligação”, relata.

Anatel

A qualidade dos serviços de telefonia móvel é medida mensalmente pela Anatel a partir de 14 quesitos operacionais, que analisam as quantidades de reclamações dos usuários; de complemento de chamadas para o Centro de Atendimento Telefônico; de entrega de mensagens de texto; de queda de conexão de dados e de ligações não completadas, por exemplo, dentre outras situações. Para cada um dos itens, são estabelecidas metas que são medidas por Código Nacional (CN), mas conhecido por DDD, a discagem direta a distância, ou por Unidade da Federação (UF).

De janeiro a junho de 2019, entre as quatro maiores prestadoras de serviço do setor, segundo a Anatel, a empresa Vivo apresentou, proporcionalmente, o maior percentual de cumprimento de metas, com 86,3%, de um total de 5.221 indicadores válidos referentes à área geográfica onde se encontra em efetiva operação. Em seguida aparecem Claro (85,7% de 5.2019), TIM (82,9% de 5.173) e Oi (82,1% de 5.147). O número de indicadores apurados varia conforme a abrangência de cada operadora em território nacional.

Em nota, a operadora Claro informa que “lidera o ranking de cumprimento das metas do Serviço Móvel Pessoal (SMP), relativo aos indicadores de qualidade das empresas de telefonia em cinco dos sete estados dessa região, segundo pesquisa da Anatel de janeiro a junho de 2019. Esse levantamento é baseado no acompanhamento do conjunto de 14 indicadores operacionais, medidos mensalmente. No Pará, a Claro apresentou o maior percentual de cumprimento dessas metas, com 81,6%. Os resultados e conquista da liderança na maioria dos estados refletem o trabalho e investimentos em atendimento ao cliente, inovação e qualidade de sua infraestrutura. A operadora reforça seu compromisso em continuar trabalhando para oferecer a melhor experiência em serviços aos seus consumidores na região Norte”.


Também em nota, sem mencionar o ranking de cumprimento de metas do SMP, a Oi afirma que “investiu mais de R$ 70 milhões no Pará no primeiro semestre de 2019, o que representa um aumento de 22% em relação ao mesmo período do ano anterior. A operadora diz ainda que implantou rede de fibra ótica nas cidades de Belém e Ananindeua. A Oi oferece rede 4,5G também nas cidades de Belém, Ananindeua, além de Marituba, e 4G em 54 cidades do estado”. As operadoras Oi e Vivo, não responderam até o fechamento da edição.

 

Fonte: O Liberal