“Agora não vou precisar tá explicando o problema do meu filho e nem o motivo dele tá agindo daquela forma, com choro, agonia, além de ouvir comentários dentro dos ônibus de que é tolice. Vai me ajudar muito, e estou muito feliz por ter conseguido”, disse Keite Marrone, mãe de uma criança de 4 anos com autismo, que recebeu a carteira de identificação do autista, emitida pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Coordenação Estadual de Políticas para o Autismo (Cepa).
Setecentas carteiras foram entregues na manhã desta quarta-feira (21) para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), no auditório Ismael Nery, no Centur, em Belém. O documento garante o atendimento integral e prioritário em serviços públicos e privados, além de trazer as características da pessoa e um número de contato emergencial.
A coordenadora da Cepa, Nayara Barbalho, explicou que com o documento é possível criar a primeira base de dados sobre o autismo no País. “Nós já viramos uma referência no Brasil; um trabalho que nasce no Estado do Pará. Muitos estados já nos procuram para conhecer essa política já implementada”, disse a gestora, lembrando que nem todos os autistas expressam fisicamente essa condição, e a carteirinha proporciona a eles dignidade. “É sempre uma emoção poder garantir direitos das pessoas com autismo, que é a nossa missão e o nosso trabalho. Nós estamos encerrando um ano entregando 700 carteiras, garantindo 700 direitos. Não é pouca coisa pra um ano cheio de dificuldades como nós tivemos, mas estamos fechando com muitas entregas, e a carteira é uma delas”, destacou Nayara Barbalho.
Momento natalino – Uma Mamãe Noel participou da entrega das carteiras, animando as crianças e seus pais. Rafael Moutinho, 7 anos, pediu foto com a personagem, e disse estar feliz com o momento. A mãe do menino, Belisa Moutinho, destacou a importância do projeto para as pessoas que convivem com TEA. Para ela, é uma ação de garantia de direitos para as pessoas com o transtorno, e que por muito tempo ficaram na invisibilidade.
“A partir dessas políticas, a gente consegue ter acesso aos locais sem precisar se justificar, sem preconceito. Isso nos traz tranquilidade. O trabalho da Cepa é de referência e muito orgulho para a comunidade do mundo azul”, ressaltou Belisa, que é terapeuta ocupacional.
Ao lado da mãe, Marcos Farias, 21 anos, também receber a carteira da Cepa. Segundo ele, o documento é uma novidade boa, que garantirá direitos que antes não eram respeitados. “Eu estou muito feliz por receber a carteira. Minha mãe e eu fizemos tudo rápido em casa só pra vir pra cá logo”, contou Marcos.
Outro beneficiado com o documento foi Leonardo, 16 anos, filho de Sidney Fonseca. Na avaliação de Sidney, a carteira, além de garantir direitos, mostra que há uma preocupação com a causa, antes esquecida pelo poder público. “São conquistas para os autistas. É um avanço social, e a gente passa a ter consciência do direito que o autismo tem”, frisou.