segunda-feira, 6 de maio de 2024

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Teich diz que pediu demissão do Ministério da Saúde por insistência de Bolsonaro em uso da cloroquina

"Imunidade de rebanho é um erro", afirmou o médico que foi sucedido por Pazuello. Tratativas com vacinas começaram ainda na curta gestão dele.
(Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado)

Outro ex-ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) foi ouvido pela CPI da Pandemia no Senado. Nesta quarta-feira (5), foi a vez de Nelson Teich, sucessor de Luiz Henrique Mandetta e antecessor do general Eduardo Pazuello. O médico oncologista ficou apenas 29 dias no cargo e disse que pediu demissão porque não teria autonomia para conduzir a gestão da crise sanitária da covid-19.

Teich chegou a ser desautorizado e humilhado por Bolsonaro, durante uma entrevista coletiva. O presidente havia tomado uma decisão contrária a ele e não comunicou o ministro. O médico ficou encurralado diante jornalistas que o questionavam sobre a liberação de determinados estabelecimentos, ainda no primeiro pico da pandemia. Outro ponto de embate é que constantemente Bolsonaro ouvia opiniões não técnicas externas. E a defesa da cloroquina e da hidroxicloroquina como forma de tratamento. Ele afirma nunca ter recomendado esses remédios.

“Essa falta de autonomia ficou mais evidente em relação às divergências quanto à eficácia e extensão do uso da cloroquina.  Enquanto a minha convicção pessoal, baseada em estudos, era de que naquele momento não existia evidência para liberar, existia um entendimento diferente por parte do presidente, que era amparado na opinião de outros profissionais, até do Conselho Federal de Medicina. Isso aí foi o que motivou a minha saída. Sem a liberdade para conduzir o ministério conforme as minhas convicções, optei por deixar o cargo”, declarou Teich.

Na curta gestão de Nelson Teich, ainda não havia vacinas disponíveis. Ele garantiu aos senadores da CPI que fez de tudo para agilizar e viabilizar os estudos clínicos da vacina AstraZeneca / Oxford. Do ponto de vista técnico, analisou que o Governo Federal poderia sim ter agilizado a compra de vacinas, mas que era uma compra de risco. O mesmo risco que outros países tomaram, sem medir esforços para proteger a população. O médico ainda disse que se a estratégia fosse vacina, a imunização contra covid-19 estaria muito mais avançada no Brasil.

Por fim, ainda comentou sobre a tese de “imunidade de rebanho”. “A tese de imunidade de rebanho onde se adquire imunidade pelo contato e não pela vacina, é um erro. A imunidade você vai ter através da vacina, não através de pessoas sendo infectadas. Isso não é um conceito correto. Teve lugares que ficaram sobrecarregados porque houve muito mais casos que o sistema podia receber. Isso é mais um item que deixa claro como é importante estar preparado para enfrentar uma pandemia. Isso é mais uma coisa para aprendermos. Mas essa imunidade de rebanho, através de infecções, é um erro”, concluiu Teich.


(Victor Furtado, da Redação Fato Regional, com informações da Agência Senado)

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