quinta-feira, 21 de novembro de 2024

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Valor de bezerros cai 50% em 1 ano e preocupa pecuaristas de São Félix do Xingu, Tucumã e Ourilândia do Norte

Entre as possíveis causas para o fenômeno estão as mudanças trazidas desde a pandemia de covid-19 e redução das exportações para a China. As expectativas são de início da melhora a partir do próximo semestre, mas ainda em nível especulativo.
© Agência Brasil/Arquivo

Desde 2022, o preço dos bezerros caiu cerca de 50% no Brasil. Animais que antes chegavam a R$ 3 mil agora são comercializados a pouco mais de R$ 1,5 mil. Esse é um cenário que começou a se construir em 2021 e piorou com o avanço da pandemia por todo o planeta. O fenômeno se explica numa soma de fatores. E enquanto novas decisões de governo não criam novas soluções, pecuaristas amargam prejuízos. No sul do Pará, os produtores de Tucumã, São Félix do Xingu e Ourilândia do Norte não sabem quando verão preços atrativos novamente.

Edmilson Carvalho de Moraes, pecuarista de Ourilândia e Tucumã, conhecido como “Neném do Gado” foi um dos que viu esses prejuízos. Ele diz nunca ter visto um cenário tão preocupante nos 13 anos em que atua no segmento. E o fenômeno afetou todas as raças. As arrobas de novilhos que antes chegavam a R$ 280 malmente batem a marca de R$ 150. Para ele, esse cenário deve se estender por pelo menos mais 2 anos.

“Os Estados Unidos conseguiram um mercado que era nosso: a China. Desde então, as nossas exportações diminuíram muito. O Brasil hoje tem um rebanho de gado que não dá conta de consumir. Sem exportações, fica tudo aqui dentro e o preço baixa. Essa relação China e Estados Unidos deve se estender por mais uns 2 anos e talvez só depois vamos ter alguma melhora. Atualmente, o pecuarista brasileiro está sem esperança de melhora”, diz Neném do Gado.

O pecuarista João Marcos Tavares, de São Félix do Xingu, avalia que os prejuízos se acumulam em cerca de 30%.Ele trabalha no setor há 8 anos e diz que cada vez mais vem se virando para apertar os orçamentos e conseguir manter lucro na produção. Para ele, os investidores estão deixando de lado a carne brasileira. O que sobrou de mercados mais antigos, como a China e o Japão, são as compras de bezerros de carnes mais precoces, como Aberdeen e Red Angus.

“Essas raças precoces precisam de 18 a 20 meses. Já uma vaca branca, por exemplo, precisa de 28 a 30 meses e mais 3 anos até parir. Antes eu mandava muito para a China. Embarcava aqui em São Félix do Xingu e então para Barcarena, que seguia pra lá de navio. Mas agora vejo que é difícil voltar aos preços antigos. A pandemia mudou muito as coisas no mundo e teve o aperto na Europa. Vários fatores reunidos que fizeram o preço despencar”, comenta João Marcos.

Na semana passada, o Governo do Reino Unido retirou os controles reforçados às compras da carne brasileira. Com a medida, explicam os ministério das Relações Exteriores e da Agricultura e Pecuária, as autoridades sanitárias brasileiras poderão habilitar empresas autorizadas a exportar. O Reino Unido é um dos principais mercados do Brasil. Em 2022, o Brasil exportou cerca de US$ 134,5 milhões de carne bovina para o mercado britânico.


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(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)