quinta-feira, 21 de novembro de 2024

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55% das mulheres do Pará só descobrem o câncer de mama tarde demais

É um dos piores índices do Brasil e que dificulta na detecção de cânceres de mama, um dos mais comuns entre mulheres e tem altas chances de cura se tratado a tempo
Mais da metade das mulheres do Pará só descobre o câncer de mama de forma tardia e às vezes em estágios avançados devido à baixa procura de exames de mamografia (Foto: Agência Pará / Divulgação / Imagem Ilustrativa)

A meta de cobertura de mamografias é de 70%, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas o Brasil malmente tem passado de 30%, na faixa de 50 a 69 anos. Historicamente, a região Norte apresenta o pior cenário, com cobertura de mamografias abaixo de 13% em praticamente todos os municípios. Os dados são do Instituto Nacional do Câncer (Inca). No levantamento, 55% das mulheres do Pará só descobrem o câncer de mama quando já é tarde.

A pesquisa do Inca é um dos motivos pelos quais existe a campanha Outubro Rosa. Os dados do instituto mostram que 54% das mulheres brasileiras subestimam a importância da mamografia – principal exame de rastreamento, como afirma a Sociedade Brasileira de Mastologia. Até o final deste ano, estima-se que mais de 73 mil novos casos de câncer de mama serão registrados no Brasil. E o diagnóstico tardio dificulta o tratamento. Se iniciado a tempo, a chance de cura é superior a 90%.

O mastologista Fábio Botelho, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – regional Pará, reforça a necessidade das medidas de prevenção para frear a tendência de crescimento no número de novos casos, que é um dos objetivos da campanha Outubro Rosa, que já começa a ser trabalhada pelo Governo do Pará e prefeituras dos 144 municípios do estado.

“Temos boas razões para supor que o atual estilo de vida das brasileiras é decisivo para esse crescimento do número de casos de câncer de mama. Hoje, elas têm um menor número de filhos; optam, geralmente, por uma gestação depois dos 30, 35 anos; possuem, muitas vezes, uma rotina estressante, com dificuldades para ter uma boa alimentação e prática regular de atividade física; além do consumo de álcool, hábito crescente entre as mulheres. Tudo isso tem relação direta com o câncer de mama”, explica o mastologista.

Estilo de vida mais saudável, autocuidado e prevenção são principais armas contra o câncer de mama

A chamada prevenção primária é sinônimo de estilo de vida saudável. Fábio alerta que as mulheres precisam saber que alimentação saudável, exercícios físicos regulares e o corte do consumo de bebida alcoólica são medidas que previnem câncer de mama. Muitas pesquisas já comprovaram que obesidade, sedentarismo e álcool aumentam as chances de a mulher ter câncer de mama. Mulheres com estilo de vida saudável diminuem as chances de ter câncer de mama em quase 30%.

Já com a prevenção secundária, a meta é conseguir o diagnóstico precoce, quando nódulos ou outros tipos de lesões estão bem pequenos, nem são identificados em um autoexame ou mesmo exame clínico, feito pelo médico. Por isso, a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que mulheres a partir dos 40 anos façam a mamografia anualmente, além da consulta com o especialista. A mamografia é o melhor exame de rastreamento para identificar a doença nas fases iniciais.

O mastologista Fábio Botelho, Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Pará, alerta para a prevenção e mudanças de estilo de vida contra o câncer de mama (Foto: Divulgação)

 

“O fato é que as mulheres precisam entender a importância de estarem atentas ao diagnóstico precoce, terem acesso aos exames de imagem e realizá-los, buscarem atendimento em caso de quaisquer anormalidades e terem este atendimento disponível. Somente com estas estratégias é que conseguiremos diminuir o número de casos avançados que exigem tratamentos mais agressivos e resultam em menos possibilidades de cura”, explica o mastologista Fábio Botelho.

Idosa paraense descobriu câncer após a pandemia e tratamento tem dado resultados

Valdenita Martins, de 71 anos, não tinha histórico de casos de câncer na família. Ela tinha alguns fatores de risco, como obesidade, consumo regular de bebida alcoólica, era fumante e não praticava atividades físicas com regularidade. Durante a pandemia, Valdenita cumpriu um isolamento rigoroso durante dois anos. Não saiu de casa nesse período e acabou deixando de lado as consultas médicas e exames preventivos, até perceber um nódulo na mama durante o banho.

“Como tive cistos benignos quando era mais jovem, achei que podia ficar tranquila e esperar a pandemia passar”. Quando finalmente procurou um médico, confirmou dois nódulos: um maior, benigno, e outro menor, que ficava escondido por trás do primeiro. Esse foi confirmado como câncer. “O arrependimento é enorme. Não posso culpar ninguém além de mim mesma por não me cuidar como é necessário e por ter demorado a procurar atendimento”, lamenta Valdenita, que agora alerta a outras mulheres.

Ela passou por cirurgia para a retirada do tumor, fez quimioterapia e radioterapia e, hoje, continua o tratamento com imunoterapia. “Tomo a medicação diariamente e vai ser assim pelos próximos anos”, conta. Depois do diagnóstico, Valdenita adotou uma alimentação mais saudável e caminhadas, perdeu 23 quilos e garante que não descuida mais dos cuidados com a saúde.

(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional, com informações do CTO)


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